A Dupla Poda
Entre Villas
A dupla poda ou poda invertida está bastante na moda e foi a solução encontrada por muitos produtores de vinho especialmente no Estado de São Paulo, sul de Minas e Goiás. Já provei diversos vinhos muito bons produzidos por esse sistema. Inclusive os premiados Guaspari.
As videiras têm ciclos de vida. Elas hibernam no inverno quando suas raízes se recolhem e descansam para voltarem com força na primavera, momento em que devem estar plenas para receber toda a energia da fotossíntese. 94% de toda massa seca de uma uva vem do sol, da fotossíntese. Então nascem as flores, os frutos e no verão se dá a colheita. No outono ela deve ser podada para novamente repetir seu ciclo.
Essa questão da poda porém é um tema interessante, pois ela pode alterar o comportamento de uma videira. Em muitos lugares onde chove muito no verão, caso de São Paulo por exemplo, as videiras sofrem uma dupla poda, ou poda invertida, processo que consiste em promover uma poda no início da brotação. Com isso a videira leva um choque, e volta brotar mais para frente no inverno. O homem consegue com isso pular o problema das chuvas e colher boas uvas em tempo seco.
No nordeste por exemplo, os portugueses da Dão Sul, descobriram que as videiras podadas e sem irrigação hibernavam. O que fizeram, dividiram sua fazenda Rio Sol em Petrolina em 25 parcelas e com isso têm 25 safras de uvas em um ano, pois cada parcela vive um momento distinto controlado pelo homem.
Aqui em São Bento do Sapucai existe um produtor excepcional que produz um dos melhores vinhso brasileiros secondo me… que é o Rodrigo Veraldi da Frutopia e dos vinhos Entre Villas. O Rodrigo é da linha de vinhos sem químicos e é contra o uso do sistema de dupla poda. Eu escrevi para ele para saber a razão de não aplicar a dupla poda e ele me respondeu:
Querido Didu
Por dois motivos
- Aqui estamos numa região muito fria , e com ocorrência constante de geadas , então no inverno as uvas congelariam mãe estivessem em fase vegetativa !!
- Outro motivo é que para inverter a safra , é preciso Induzir artificialmente a dormência em meados de janeiro (usando ureia e sulfato de cobre ) . Até ai tudo bem . Depois tem que aplicar um produto sem substituto chamado Dormex (Cyanamida hidrogenada) que é altamente tóxico ao homem ( aplicador ) e ao meio ambiente .
- Outra questão é que aqui cobrimos o vinhedo fazendo com que a folhas fiquem sob proteção das águas da chuva , não promovendo condições para proliferação do míldio que é uma das principais doenças fúngicas . Além de outras como antracnose e podridão. Na poda invertida , não cobrem . E assim tem que usar uma batelada semanal de fungicidas !
Eu confesso que gosto de pessoas como o Rodrigo, e digo mais, me sinto bem ao beber um vinho de uma pessoa assim como ele. E melhor ainda é experimentar algo único, de ferementação expontânea e verificar que além da autenticidade e do carater inimitável de seu lugar, o vinho é uma delícia. Abaixo você pode assistir um vídeo que gravei com o Rodrigo Veraldi numa Naturebas. Saúde.