UVIBRA – A Emenda pior do que o Soneto…
Para quem não sabe da expressão a Emenda pior do que o Soneto, sugiro conhecer AQUI, a origem da expressão. Pois foi o que aconteceu com a tentativa de explicar o fatídico documento das entidades do vinho gaúcho.
A repercussão do pedido de protecionismo ou Salvaguardas, como divulgou a matéria da Revista Adega foi enorme e diversas pessoas do setor se manifestaram, entre os mais sensatos, como de hábito foi o Adolfo Lona, que rebateu ponto por ponto os absurdos dessa carta que volto a lembrar não foi aberta, foi encaminhada como sempre na surdina, ao governo.
Bem, o reboliço foi tão grande que o Deunir Argenta, Presidente da UVIBRA, acabou correndo para desmentir a “interpretação” segundo ele do que não era um pedido de Salvaguardas… eu inclusive recebi essa justificativa dele num Whatsapp e publiquei AQUI ontem.
O fato é que hoje, a novela continuou num trôpego justificar do injustificável por parte do Deunir Argenta que agora aparece falando sem as duas outras entidades que assinaram o documento entregue ao governo.
Foram duas entrevistas, uma a Revista Adega que você pode ler neste link AQUI, e outra uma live ao jornalista carioca Marcelo Copello que você pode ver neste link AQUI,
Eu não consigo a esta altura da minha vida, ouvir todas essas balelas, manipulações de dados e dissimulações balbuciadas pelo Deuinir e ficar quieto.
Me surpreende que um empresário do porte dele se preste a um papel desses, um homem com um histórico empresarial brilhante, a quem admiro, que construiu uma família linda, que conseguiu uma vitória familiar ao comprar e preservar um patrimônio histórico e cultural do vinho em Flores da Cunha, onde foi a Companhia Rio Grandense berço do primeiro vinhedo comercial de vitis-vinífera no Brasil, que produzia os vinhos Granja União, local onde seu pai Luiz Argenta, nome hoje da vinícola foi um humilde trabalhador.
Um projeto lindo a ser respeitado em qualquer país do Mundo. Vinhos maravilhosos e um corpo de profissionais de primeira linha como o enólogo Edegar Escortegagna. Um local que se fosse loteado para um condomínio valeria ao menos dez vezes o que hoje vale com vinhedos que ele faz questão de preservar. Triste.
Eu queria focar em alguns pontos aqui e deixar as perguntas a você leitor. Se quiser se inteirar melhor do caso e inclusive ler a tal carta enviada ao governo leia esta matéria AQUI.
No ítem dois das reivindicações que gerou a interpretação de TODOS a respeito de Salvaguardas a carta diz:
Criação de um mecanismo de controle de importações, mediante aprovação prévia das licenças de importação, como forma de criar barreiras não tarifárias para ingressos dos vinhos importados (vinhos e espumantes) por, pelo menos, 5 anos
Muito bem, na explicação do Deunir hoje na entrevista a Revista Adega ele diz que:
O objetivo sempre foi barrar o descaminho, o acesso de produtos adulterados/falsificados e o subfaturamento. Está aí uma importante fatia de mercado que impede o crescimento e o desenvolvimento de todos os players que prezam pela seriedade, transparência e profissionalismo.
Desculpe, mas me nego a aceitar esse insulto a minha inteligência e compreensão, eu comi cereais quando era criança, graças a Deus e a meus pais e frequentei boas escolas. O que está escrito lá em cima não tem absolutamente nada a ver com o que o Deunir diz que foi o que quiz dizer… por favor. E depois me nego também a aceitar que um homem que construiu o que ele construiu ache realmente isso.
Minha surpresa maior é ele se prestar a isso. Uma vergonha.
Depois com o Copello ele fala fala em subsidios e como sempre e como é hábito das entidades gauchas do Vinho, o pessoal do Vinho Fino e Espumantes adora usar o número de cem mil pessoas em dificuldade, em 20 mil famílias que possuem apenas 2 hectares vinhedos e que estão em dificuldade.
Deixe eu dizer uma coisa a você leitor, que talvez você desconheça. Essas 20 mil famílias estão todas dependentes das grandes vinícolas, sejam as de vinho fino e espumantes, seja as de vinhos de mesa, líderes de mercado.
Eles vendem suas uvas a preços estipulados pelo governo e não conseguem fazer seu próprio vinho, o que daria ao menos dez vezes mais o faturamento que conseguem vendendo as uvas, pois a tal propalada Lei do Vinho Colonial, estabelece que esse pequeno produtor pode fazer seu vinho, pode ter instalações mais simples e o MAPA pode liberar que produza, mas… ele só pode vender seu vinho para cpfs, pessoas físicas, ou em sua propriedade ou em feiras rurais… Ele é impedido de vender para cnpj, como o Pão de Açúcar por exemplo… Não não, não pode não.
Agora, suas uvas a preços baixos ele pode sim vender para cnpj mantendo os grandes industriais do vinho… E são esses industriais que vêm agora e sempre, seja com IBRAVIN, seja com UVIBRA a falar dos coitadinhos produtores de 2 hectares de uva… Que tal? Qual a sua interpretação?
E agora, não aparecem mais as entidades dos cooperados e nem a dos viticultores? Deveriam estar juntos se explicando, ou não? Ou seja, um grande papelão.
Depois estão sempre a dizer que o vinho brasileiro só tem 20% mercado, mas ele tem 70% de mercado pois o líder de mercado é justamente esse vinho de garrafão, o vinho de mesa. Quando lhe cabe, os comparativos são de vinhos finos e dependendo do momento os de mesa entram junto. Ora, por favor. Feio isso gente, não engana mais ninguém medianamente informado sobre o mercado.
Essa história com o Chile então é uma vergonha maior ainda, se é que é possível, pois há análises feitas aqui, além das feitas lá! Se estão aqui é por estão ok. E o pedido do imposto de importação então é realmente primário, para deitar no chão e rolar de rir, pois desconhecer o que é um acordo bilateral e não estar acompanhando o que vem sendo conversado há anos e que chegou numa relação vitoriosa para o Brasil como nunca tivemos, numa boa… não dá pra acreditar. Muito primário. Triste. Inacreditável.
Depois o Deunir vem dizer com a cara lavada que pode sim sentar `a mesa com os importadores, supermercados e Pró_Vinho?!?!!! Peraí Deunir Argenta. Eu tenho cópia do e-mail que a UVIBRA respondeu ao ser convidada a tomar lugar no Pró_Vinho, uma vez que o IBRAVIN fora extinto e a entidade assumiria as responsabilidades que eram do IBRAVIN, você respondeu lacônicamente “Não temos interesse em participar” !!!!!
Na ocasião inclusive postei meu repúdio, veja AQUI, pois a Pró_Vinho preferiu agir com diplomacia… deu no que deu…
Por tanto meu caro, como temos idade, somos avós, acho que já está em tempo de sermos verdadeiros. Paro por aqui para não ficar na situação de Bocage e deixar a emenda pior do que o soneto.