Tenho enorme admiração pela CATENA, a família toda. O trabalho deles é incansável. Imaginem que agora estão fazendo uma pesquisa científica sobre a longevidade do vinho argentino pela percepção de públicos distintos, como os argentinos, os brasileiros, os americanos, os ingleses e os chineses… e eu fui um dos convidados, éramos 20, aqui no Brasil para degustar às cegas diversas amostras de vinhos brancos e tintos de diversas safras.
Impecavelmente organizada pela equipe da Mistral, no Tivoli Mofarrej, tive a oportunidade de participar desse momento especial…
Roy Urvieta
O material informava:
“Primeira pesquisa desse tipo realizada pelo Catena Institute of Wine, Mendoza, Argentina, em colaboração com a UC Davis, Califórnia, EUA.
Estudar e prever a capacidade de envelhecimento do vinho argentino.
Comparar os paladares de especialistas em vinho de diferentes países para vinhos envelhecidos.
Avaliação de 14 vinhos Catena e Catena Zapata, brancos e tintos, de várias safras.
A Pesquisa
O Catena Institute of Wine iniciou uma colaboração com Roger Boulton e Hildegarde Heymann da UC-Davis em 2010, enquanto o atual diretor do Instituto, Fernando Buscema, era estudante de pós-graduação trabalhando no laboratório de Roger Boulton. O estudo de Buscema e Boulton, publicado em 2014 e 2015, foi o primeiro a avaliar uma única variedade, Malbec, em dois continentes usando análises quimiométricas e sensoriais. Este estudo envolveu uma única safra e mostrou um efeito significativo do terroir entre continentes e entre diferentes regiões da Califórnia, EUA, e Mendoza, Argentina. Em 2021, uma pesquisa do Dr. Roy Urvieta mostrou que vinhos Malbec de diferentes indicações geográficas têm perfis quimicos distintos, permitindo a previsão da safra e da origem geográfica.
Para o projeto, especialistas em vinho com conhecimento em vinhos envelhecidos do Velho e Novo Mundo participam de degustações exclusivas, realizadas até o momento na Argentina (julho), Nova York (outubro) e São Paulo (novembro), e programadas para 2025 em Londres, Califórnia e
Xangai.
“A pesquisa mais extensa sobre Malbec já realizada.” – Professor Emérito Roger Boulton, UC Davis, Califórnia, EUA.
“Meu sonho ‘antes de morrer’ é que toda adega de colecionador no mundo tenha uma seção para o vinho argentino.” – Dra. Laura Catena, Fundadora do Catena Institute of Wine, 1995.
Estudos Internacionais de Terroir Anteriores e Publicações de
Referência
Estudos anteriores compararam grandes regiões em uma única safra, geralmente focando na análise química de uvas, mostos e, em alguns casos, vinhos.
Malbec da Argentina (Buscema et al., 2015; Urvieta et al., 2018; Urvieta et al., 2021).
Cabernet Sauvignon da Austrália (Marcell Kustos, et al., 2020).
Chardonnay (Marcell Kustos, et al., 2020).
Pinot Noir (Grainger C. et al., 2021; Cantu A. et al., 2021; Anesi et al.
Potencial de Envelhecimento (Vidal et al., 2023).
Pesquisadores
Dr. Roy Urvieta, Catena Institute of Wine – Mendoza, Argentina.
Dr. Fernando Buscema, Catena Institute of Wine – Mendoza, Argentina.
Selecionamos especialistas porque acreditamos que poucas pessoas têm a experiência necessária para avaliar vinhos que passaram muitos anos na garrafa. Acreditamos que sua expertise nos ajudará a entender melhor o processo de envelhecimento de vinhos de Mendoza, Argentina, e de vinhos envelhecidos em geral em diferentes continentes.
No Catena Institute, junto com a UC Davis e outras instituições, temos trabalhado há muitos anos no terroir de Mendoza sob uma perspectiva química, medindo a “impressão digital” dos vinhos de cada indicação geográfica e parcela. Desde 2015, temos publicado artigos de alto impacto em revistas cientificas, mostrando evidências da existência do terroir em Mendoza (Discriminação de Terroir e Safra de Vinhos Malbec com base na composição fenólica em vários locais de Mendoza, Argentina; LINK para a pesquisa). Além disso, investigamos a tipicidade sensorial do Malbec em Mendoza, ajudando-nos a entender o que caracteriza cada região ao avaliar os descritores básicos do Malbec e aqueles que emergem quando as uvas provêm de diferentes climas e solos. Compreendendo a fundo nosso Malbec, podemos preservar esses aromas no futuro.
• envelhecimento do vinho é uma área pouco explorada. Podemos imaginar que a origem das uvas representa uma dimensão (lugar) de informação, enquanto o envelhecimento representa a dimensão do tempo. O Catena Institute, junto com a UC Davis, realizou os estudos mais extensos sobre envelhecimento de vinhos no mundo, constatando que os vinhos retêm a
“impressão digital” de sua região mesmo após sete anos (Envelhecimento de Vinhos Malbec de Mendoza e Califórnia: Evolução da Composição Volátil;
LINK para a pesquisa).
Juntamente com pesquisadores da Universidade da Califórnia, Davis, planejamos um projeto para entender os descritores de vinhos envelhecidos e aprender sobre as expectativas de envelhecimento segundo especialistas de diferentes partes do mundo. Em um quarto de hotel, você encontrará um total de 14 vinhos: 4 brancos e 10 tintos. Pedimos que os especialistas degustem cada um e preencham um formulário com três itens: aceitabilidade (quanto gostam), quantos anos acreditam que os vinhos podem envelhecer e uma descrição aberta do vinho (aromas, sabores, emoções). Nos estudos de degustação, pedimos que todas as amostras sejam cuspidas nos copos disponíveis.
OS RESULTADOS SERÃO SUBMETIDOS PARA PUBLICAÇÃO. Os degustadores permanecerão anônimos.”
A organização da equipe da Mistral foi impecável, pois os grupos de quatro em quatro avaliadores, só gente experimentada, tinha hora marca para começar e para terminar… 14 amostras em 40 minutos, com tres avaliações de cada amostra… Cada um ficava em um apartamento do Tivoli Mofarej, onde tudo já estava montado e preparado. com cronometro e tudo o mais… em um tablet codificado para cada pessoa, você dava um parecer sobre a amostra, de ruim a ótimo, depois avaliava o potencial de evolução que considerava que aquela amostra teria ainda pela frente e finalmente um espaço para comentários.
Ao final descia-se e com a presença do grande enólogo Roy Urvieta que pela primeira vez veio ao Brasil. Urvieta que é O cara do Catena Institute e responsável pelos vinhos NICO, explicava cada vinho, comentava, acrescentava, uma simpatia e modéstia incríveis para alguém de seu calibre. Eu adorei.
Os vinhos degustados foram:
Catena Chardonnay 1999
Angelica Zapata Chardonnay 2021
Adrianna Vineyards White Bones Chardonnay 2012
Angelica Zapata Chardonnay 2008
Catena Zapata Malbec Argentino 2022
Angelica Zapata Malbec 1995
Catena Zapata Malbec Argentino 2004
Adrianna Vineyards River 2012
Nicolas Catena Zapata 2020
Catena Cabernet Sauvignon 1990
Nicolas Catena Zapata 2000
Nicolas Catena Zapata 2016
Catena Malbec 1994
Estes foram os “italianos” da sequência que degustei
Eu gostei de todos e não sabia exatamente que vinhos eram e nem procedência, por essa razão tive “certeza” de que o White Bones era um Bourgogne e que os dois “velhuscos” Catena Cabernet Sauvignon 1990 e o Catena Malbec 1994 se tratavam de vinhos italianos… não é interessante?
Abaixo um video de alguns momentos dessa experiência… foi pedido a todos que não publicassem nada antes das 18 horas… então agora vai…
No material impresso que nos foi oferecido após a degustação, havia esta frase abaixo da Laura Catena, tenho a certeza de que este sonho já está sendo alcançado…
“El sueño de mi padre era producir vinos argentinos que estuvieran a la altura de los mejores del mundo. Mi sueño es que todos los coleccionistas de vinos del mundo tengan una sección de vinos argentinos en su bodega. Sé que esto sucederá durante mi vida”. Laura Catena