Uruguay 2º dia.
Nosso segundo dia de Uruguay foi bem intenso, afinal contemplava quatro visitas! Começamos com a gostosa surpresa dos rapazes do Projecto Nakkal. Uma espécie de incubadora para novos vinhos, seja de gente que tem vinhedo mas não tem bodega, seja de quem não tem nada mas quer ter um vinho, eles fazem. Até Vermouth que está numa moda enorme no uruguay, eles fazem. Muito interessante e seus vinhos são um caso a parte, muito legais, sinceros, diretos, bem feitos, frescos e com baixo álcool. Adorei e vocês poderão ver no vídeo.
Alguns rótulos do Projecto Nakkal
De lá fomos fazer uma visita ao escritório do INAVI que nos convidou para essa viagem e gravei também para vocês, imaginem que eles fazem cerca de 5 mil análises de vinhos por ano e não há custo por isso cobrado dos produtores, que já pagam sua mensalidade que é proporcional por garrafa vendida.
O escritório todo é muito bonito, sóbrio e com uma bela estrutura, você verá no vídeo.
Nosso roteiro nos levaria ao Estabelecimento Juanico para o almoço com a Familia Deicas, foi uma visita espetacular. Conheço há anos esse produtor e inclusive tenho uma história engraçada, pois quando conheci o Fernando Deicas pela primeira vez, seu filho Santiago era um garoto cabeludo, já trabalhando lá. Gravei algo com ele e pensei comigo… “O Fernando está ferrado, esse garoto certamente vai virar um playboy…” hahahahahaaa pois errei e errei feio, o Santiago se tornou um enólogo de mão cheia, muito interessado e dedicado, ligado em terroir, em fermentações espontâneas em vinhos naturais, etc., que bela surpresa. Comentei com ele e rimos muito.
Degustamos os dois Albariño lado a lado, o de Canelones e o de maldonado na região de Garzon, onde a Familia Deicas foi pioneira em plantio de uvas. Muito bacana a experiência a respeito do terroir.
Outra experiêncial excepcional, foi degustar lado a lado esses dois exemplares de Prelúdio das safras de 2011 e de 1995!!! Um espetáculo. Aliás, vocês sabiam que era um dos vinhos prediletos do Pelé, sim, o Rei Pelé. Ele comprou de todas as safras do Preludio… Sensacional. Mas ainda tinha mais surpresas…
Os tres Bizarra Naturais do Santiago
Foi muito legal também, conhecer os novos vinhos da linha Bizarra de vinhos naturais do Santiago, conhecia o laranja, um dos primeiros naturais do Uruguay, mas agora ele tem também um tannat em ânfora, suprer fresco e delicioso e um tannarone, como ele chamou, um tannat a moda dos Amarone, com uma parte das uvas pssificadas. super show.
O sub-solo que a Familia Deicas tem em suas instalações snao simplesmente imperdíveis e agora alí, bem ao lado desse bar que você vê acima, há uma adega com preciosidades, onde consegui comprar um vinho excepcional que você ficará sabendo assistindo ao vídeo… e há também uma sala de ânforas. No vídeo você verá o próprio Santiago contenado sobre elas e o curioso modelo, bem diferente das que conhecemos.
Bem, tinhamos compromisso pela frente, Bodegas Carrau…
Ignacio Carrau, Didú e Javier Carrau
Esses dois jovens da foto que ladeiam o Didú, são o Ignacio e Javier Crrau, fiz questão dessa foto, pois notem que há uma bandeira brasileira hasteada lá atrás, era para nós, pela nossa visita. Esse tipo de comportamento mostra muito da educação, do respeito e do carinho dessa família conosco.
Os Carrau são parte intima da história do vinho no Uruguay e no Brasil, no vídeo você saberá um pouco dessa história. Um irmão deles o Juan Luis Carrau, ainda vivo e residente no Brasil, foi pioneiro com vinhedo certificado orgânico no Brasil. Hoje se fala muito disso mas se esquecem do justo reconhecimento a esse professor Juan Luis Carrau que em seu vinhedo “La Mañana” de Santana do Livramento na Campanha Gaúcha (um verdadeiro tesouro de Cerro Chapeu), conseguiu a tão sonhada certificação orgânica pela norma europeia “209291” em 1994. Com essa patente começou-se um estudo intenso envolvendo práticas biodinâmicas, também certificadas, nunca vistas no Brasil.
Hoje a família Carrau que não é pequena, decidiu dividir suas propriedades em duas, esta que visitamos dentro de Montevideo e outra em Cerro Chapeu, que visitaríamos no dia seguinte.
Fiquei muito honrado e agradecido por eles terem aberto uma garrafa de um dos meus vinhos prediletos lá, o Vilasar Nebbiolo 2000!! Vilasar é o nome do vilarejo de onde sairam os Carrau para virem para a America. Um espetáculo de vinho, um verdadeiro Barolo de classe, com evolução, com tipicidade, a “liquirizia” o couro velho… Madonna Mia.
No vídeo vocês saberão de muita história deles com o Brasil e também com essa Petit Manseng. Vão gostar. Adoro conversar com gente de idade pois tem muito o que contar, coisas que hoje ninguém nem faz idéia. Grazie Amigos.
Bem, tinhamos ainda os Pisano!!!. A esta altura, quero sugerir ao amigo leitor que assista ao vídeo abaixo, pois para não ficar excessivamente longo, deixei a parte dos Pisano para um segundo vídeo. Aproveite.
Bem, aqui cabe fazer justiça a um dos nossos colegas de viagem, falo do Gilvan de Los Passos, que conseguiu catalogar todos os vinhos que degustamos e mais, com o cuidado de separar em uma lista paralela, os vinhos com idade.
Afinal o Didú, meio malandrão, sempre dava uma de “João sem braço”… e ia perguntando a respeito da qualidade de evolução dos vinhos do Uruguay… hahahahahaa, calro que todos queriam mostrar que seu vinho evoluia muito bem… e acabavam abrindo algo especial.
Claro também que tirei proveito da amizade verdadeira que tenho o privilégio de ter com muitos deles que devem pensar… ” lá vem o Didú com sua conversa mole querendo beber vinhos antigos…” hahahahahahaaa Mas o fato é que o Gilvan até este ponto já tinha contabilizado as seguintes preciosidades antigas..
DE LUCCA MERLOT (1990) – Canelones.
FAMILIA DEICAS PRELÚDIO TINTO 1995 – Canelones.
DON PASCUAL CHARDONNAY / VIOGNIER “PRELÚDIO” (1999) – Cerro Chapéu.
VILASAR NEBBIOLO BODEGA CARRAU (2000) – Montevideu.
Bem, seguimos aos Pisano, onde a lista dos vinhos antigos, seria acrescida de um Pisano Aretxea 2001, sua segunda safra!!!
Os Pisano são um capítulo a parte. Uma família sensacional. Daniel que faz o comercial Mundo afora, Gustavo que é o enólogo e Eduardo que faz o campo e é o pai do Gabriel Pisano da Viña Progresso.
Eles recebem os convidados em uma espécie de garagem adaptada, onde há um assador e uma pia aos fundos, você verá no vídeo. Tenho inúmeras lindas memórias com essa família que tomo a liberdade de me sentir um pouco parte dela, afinal me sinto mesmo.
A sinceridade, a solidariedade, a alegria em receber e falar de seus vinhos e de sua história transborda do rosto deles. São para mim, junto com De Lucca o que há de mais autêntico do Uruguay que me conquistou anos atrás.
Aquela informalidade de amigos de infância, sabe? Certa vez estive no Uruguay, Luiz Horta e eu e o Daniel veio nos buscar, quando entramos no carro dele ele pega um embrulho em papel daqueles de farmeacia de antigamente, meio cor de rosa, sabe?… E disse, abra, abra! E quando abri haviam uns pedaços de pizza!? Daniel, pizza?! Perguntei, e ele: “Si, claro mi Mama isso e está deliciosa!!…” hahahahahahahaaa e estava realmente deliciosa.
Agora vejam, você imagina o dono de um Château fazendo isso com um visitante?… Pois é.
Bem, chegamos lá e todos foram visitar a bodega enquanto eu ajudava o Daniel a colocar as coisas na mesa. Era um calor danado e ele fez uma mesa com queijos, conservas, embutidos, tudo maravilhoso, mas me frustrou (ele não sabe disso…), pois vim o caminho todo dizendo ao grupo que eles iriam comer o chinchulin mais gostoso da vida deles… Pois o Daniel sempre faz parrilla lá e sempre tem mollejas e chinchulin que eu adoro. Não tinha… hahahahahaaa mas tinham os Pisano com seus vinhos maravilhosos e suas incríveis histórias.
Duas novidades da Pisano
Entre tantas garrafas abertas, alguns destaques, como este espumante simplesmente estonteante de bom com 24 meses sur lies e este “Vino de Bar”, um moscatel blanco não filtrado, delicioso, fácil vinho para beber e nnao para avaliar. Puro prazer para a conversa entre amigos sem ligar pra nada…
O Gabriel que acreditem já tem garrafas com idade, pois nos abriu o primeiro Sueños de Elisa, um 2009!!! também apresentou várias garrafas nessa noite memorável e saudosa. Este Viognier do meio aí, o skin contact é pra se beber de garrafão… Um espetáculo de vinho.
À esquerda o primeiro vinho Pisano à direita o 2º ano de Aretxea!
O da esquerda, infelizmente não existe mais, uvas italianas diversas co-fermentadas que os Pisano faziam, à direita o Aretxea 2001 segunda safra dessa preciosidade que estava simplesmente sublime. No vídeo o Gustavo conta toda essa história.
Peço desculpas pelo ruido do vídeo, mas não perderia jamais de divulgar esse momento, com tanta informação e história e cultura. Acontece que enquanto o Daniel que estava sentado à minyha esquerda, dava atenção ao grupo, o Gustavo, que estava `minha direita contava coisas sensacionais. Mas bem na minha frente, o Beto duarte, conversava com Eduardo que também contava reminiscências. Começamos a gravar juntos isso, mas no caminho, o Gustavo começou com outra história e ficou uma confusão… Beto gravando Eduardo, eu gravando Gustavo e Daniel falando com todos… hahahahaha Mas vale ouvir pela história de como começaram, o vinho que faziam, como e por que começaram a exportar, história inacreditável e até um elogio a mim que me emocionou quando diz que “… naquela época, ninguém falava de vinhos do Uruguay. Didú só que falava de vinhos de Urguay…” Show.
Bem, à saída fizemos essa foto engraçada imitando a famosa foto dos Pisano. Grazie Amigos. Que show de recepcão. Bacio.
Gabriel, Eduardo, Gustavo, Didú e Daniel
Não deixem de curtir o vídeo dos Pisano, uma viagem no tempo e na história do vinho do Uruguay, com sensibilidade, sinceridade e história. Saúde!!