Uruguay 1º Dia.
No final do ano passado fui gratamente surpreendido por um convite do Uruguay Wines (INAVI), para uma visita a alguns bodegueros daquele país do qual sou grande fã e admirador e onde fiz tantos Amigos queridos.
Sempre digo que se por ventura um dia eu venha ter uma crise de depressão, o que me parece absolutamente improvável, basta eu ir ao Uruguay que volto curado. Lá sou recebido com um carinho enorme, como se fosse da família, pessoas que me dão honras muito acima do que mereço e fazem isso sinceramente, percebe-se isso.
Já fazia oito anos que não ia ao Uruguay e foi muito gratificante ver tantas boas coisas novas. Me lembro que da minha última vez lá, comentava com eles que sua maior qualidade era também um grande defeito, pois o Uruguay sempre teve uma personalidade enorme, dando as costas para os modismos e com talento e trabalho fizeram um vinho que não queria ser o que não era. Porém essa postura também os distanciava de tendências do mercado.
Naquela ocasião falava isso pois estranhava não terem um vinho laranja, não terem um vinho natural, não terem um pet-nat, etc., todos me desdenhavam, me lembro bem e posso dizer pois são meus amigos. Pois agora, a nova geração está bombando!!! Tem muito sangue novo e com muito talento, fazendo esses vinhos que os jovens procuram mais e mais. E olhe que não são poucos não, De Lucca, Casa Grande, Antigua Bodega, Juanico, Pizzorno, Spignolio, para citar alguns apenas. Fiquei muito feliz por isso. E não só essa nova geração, alguns mais maduros, como meu querido Amigo Pablo Fallabrino, que era reticente a esse caminho naquela época, hoje abraçou o caminho com tudo e está fazendo alguns dos melhores vinhos que provei nessa viagem. Que legal.
Outra coisa notável é a quantidade de novos bodegueros, me lembro que a Paula Pivel e seu marido Alvaro do Alto de la Ballena, eram praticamente os únicos novos produtores que não eram de famílias tradicionais de bodegueros. Hoje há diversos, como os rapazes do Projecto Nakkal fazendo maravilhas inclusive com uma incubadora de vinhos, a Casa Tannat, o Finca Las Violetas, o Atlantica Gourmet, o projeto Bodega Oceanica, e até gente de fora, como brasileiros (Viña Edén) ou Cerro del Toro (Japoneses) e o espetacular projeto Compañia Uruguaya de Vinos de Mar liderado pelos argentinos Michelini i Mufatto, que devo confessar estão certamente entre as minhas melhores surpresas dessa viagem.
Bem, como recolhi farto material, principalmente em vídeo, decidi que faria diversos posts desta viagem maravilhosa, postando dia por dia como foi e onde fomos.
Assim, começo hoje com o 1º dia dessa viagem que contou com um grupo sensacional que incluía as queridas; Cynthia Malacarne , culta, educada e competente, a Cris Jardim, as melhores imagens de todas e um doce de pessoa, o Gilvan de los Passos, que sabe tudo e mais um pouco além de ser educado e gentil, o Beto Duarte disparado o melhor documentarista do Mundo do Vinho e o Daniel Perches, dono de uma das maiores audiências do vinho sempre acompanhados pela doce e gentil Silvina Ambrossi do Inavi que nos aturou esses oito dias.
Oriundo Wine Bar serve 16 vinhos em taça ou “Pichet” em servidoras
Começamos na verdade na noite anterior a nossa agenda, jantando no Oriundo Wine Bar como confraternização do grupo, embora ainda incompleto, afinal o Beto Duarte e o Daniel Perches chegariam no dia seguinte. Esse bar tem diversos vinhos em taças ou em “Pichet” aquelas garrafas de 500ml. Para você ter uma idéia, um “Pichet” do delicioso Muscat a Petit Grain da Varela Zarranz, custava em reais R$ 25,00… Os vinhos são fornecidos pelos produtores em galões de 20 litros e instalados numa servidora como as de chopp. Sensacional. No Brasil, onde se reclama mais do que se faz, só conheço o projeto da Gabriela Monteleone, que deveria ter se alastrado, secondo me, mas só conheço dois pontos com eles (posso estar desinformado). Uma pena.
O Uruguay está lindo, limpo, agradável, seguro. deixa patente nossa decadência e isso não é só a minha impressão mas a do grupo. Em oito dias, vi apenas um morador de rua, aliás não era um morador de rua como aqui, com acampamento descarado nas vias públicas, mas alguém dormindo numa calçada. Vi apenas um limpador de para-brisas para ganhar um troco. Um apenas. Caminhei pelas ramblas de madrugada em segurança. Que coisa…
De Lucca com Didú, A garrafa do estupendo SB 2006 e o Merlot 1990
Bem, dia seguinte partimos para De Lucca. Meu querido louco, competente e teimoso Amigo Reinaldo De Lucca. Até um Sauvignon Blanc 2006 ele abriu para nós e uma Magnum de Merlot de 33 anos que ele fez com o pai dele!!! Você poderá ver no vídeo. Show. Que começo de viagem…
O vinho em Tinaja, Fabiana Bracco e o Merlot de fermentação Natural
Depois partimos para a Bracco & Bosca da querida Amiga, praticamente uma sobrinha, a Fabiana Bracco. A Fabi tem uma trajetória impressionante no Vinho do Uruguay e depois que resolveu assumir a bodega do pai, transformou um produtor de vinhos de garrafão (o melhor que já tomei na vida), numa bodega Boutique reconhecida no Mundo e com premiações e reconhecimento internacional que poucos têm. Agora resolveu entrar no eno-turismo e está deitando e rolando. A Fabi não para, tem uma energia impressionante e com sua cultura (7 idiomas), sua simpatia, beleza e savoir fair, cativa a todos.
O Francesca, Florência e o Nebiolo
De lá teríamos a Casa Grande da Florencia de Maio, uma das mais talentosas enólogas dessa nova geração secondo me. Uma família sensacional, com o Pai Washington cuidando dos vinhedos e a Mãe Francesca, uma artista talentosa e uma cozinheira de mãos de fada, recebem a todos com afeto e simpatia num lugar paradisíaco.
Bem, no vídeo abaixo você poderá curtir essas imagens. Saúde!