Uma Master Class na E.B.V. com Alejandro Cardozo
Adalberto Piotto, Eduardo Milan. Jorgito Donadelli e Didú
O Didú é um grande sortudo. Quando poderia imaginar que ao decidir a me dedicar ao Mundo do vinho eu iria ter tantas alegrias como tenho. Como imaginar os Amigos incríveis que faria? Como imaginar as viagens, almoços e jantares que teria? Como imaginar as verdadeiras iguarias que degustaria e quanto aprendizado teria?
Esta semana que passou foi um desses marcos na minha vida profissional. Afinal, degustamos e degustamos, estudamos e estudamos, e isso nunca acaba. Sempre aprendendo.
Digo isso pois a convite do Alejandro Cardozo da E.B.V., fui até Caxias do Sul, como uma mordomia inacreditável, para aprender coisas que jamais imaginaria sobre vinificação. Uma verdadeira Master Class. Não as “Master Class” que hoje a imprensa faz que se trata apenas de alguém famoso falando dos vinhos degustado. Não. Isso não é Master Class.
Master Class é o que fizemos na E.B.V.
Uma parte dos 134 vinhos em dois dias e meio…
E o melhor, na companhia de grandes Amigos, o jornalista Adalberto Piotto, sempre sincero com suas opiniões e aberto a debates educados e respeitosos e sempre muito embasados e um raro degustador e apreciador sincero de vinhos brasileiros, o Eduardo Milan, de inacreditável modéstia e competência, o cara que mais degusta vinhos profissionalmente e de forma independente há mais de 15 anos, sem gargantear nada nem se pavonear… para quem não sabe o Edu degusta cerca de 7 mil vinhos por ano, para os Guias ADEGA, para o Descorchados e também como jurado no Decanter Wine Awards. Juntou-se ao grupo o simpático, generoso e modesto Jorgito Donadelli, dono da Sacramentos Vinifer, um cara que foi arrebatado pelo vinho e que com a consultoria do Alejandro está fazendo história com seus vinhos e espumantes, além de estar se dedicando ao orgânico e também ao biodinâmico.
No paraíso de irineu Dall’Agnol – Estrelas do Brasil
O interessante é como os opostos se atraem. Eu adoro o Alejandro e ele é o oposto do que amo no Mundo do Vinho, o Vigneron, o Artesão do vinho, aquele cara que se dedica a ter um vinhedo divino e sem nada de produto químico e que depois apenas espreme sua uva e deixa que as leveduras indígenas façam seu papel natural. Ele não interfere em nada. Sua única decisão é o momento de engarrafar a preciosidade divina chamada Vinho. Esse é o vinho que me emociona.
O Alejandro ao contrário é o cara do controle absoluto, a interferência no que for necessário. Ele decide. E para isso tem uma infinidade de recursos exógenos para usar. Hoje até taninos em gotas se tem. Imaginem só. Até diferentes tipos de nutrientes para a performance das leveduras.
Acontece que há uma maravilha nisso, pois ele salva um monte de uvas que dariam vinhos medíocres. É o seu conhecimento e os recursos exógenos e industriais que salvam tudo e transformam tudo num vinho bem feito, gostoso e muitas vezes bem barato que agrada um consumidor.
Esse respeito e especialmente a forma sincera, apaixonada e competente com Alejandro, respondendo absolutamente a tido o que se pergunta e assumindo todos os riscos do que faz que eu adoro e que nutrem essa nossa mútua amizade respeitosa. Seu conhecimento é tanto que ele até tem uma frase paradoxal. Falando de algum vinho que não tem como melhorar mais com recurso algum ele é taxativo:
“ Daqui pra frente, só pra trás…” Hahahahahahaahaaa absolutamente genial.
Eu e também o Edu Milan, já insistimos tanto com ele em um vinho de fermentação espontânea, que este ano ele fará um Alvarinho que ele acredita será possível fazer. Vamos ver…
Bem, o fim de semana que também coincidia com seu aniversário foi devidamente comemorado e o abuso foi tamanho que fui forçado a dividir o material todo que gravei em três vídeos distintos, este com a visitação no galpão de vinificação e laboratório da EBV, veja.
Um segundo vídeo com parte das degustações, uma pena que acabei não gravando a dos tintos… peço perdão, inclusive a do Sabina, da Sacramentos que provamos as cinco vinificações diferentes que o Alejandro fez com o Syrah (uma pena que a fermentação espontânea que ele fez se contaminou em função de muitas leveduras distintas no ambiente…), que depois foram todas assembladas (reunidas ) em proporções iguais para o resultado final e foram para barrica.
Então provamos as cinco vinificações diferentes sem o afinamento em madeiras, depois juntamos todas numa mesma taça e pudemos comparar com o vinho premiado, que era o mesmo mas com passagem por barrica. Devo confessar que valeria ter as duas versões no mercado, pois o sem madeira ficou maravilhoso, me lembrava vinhos do Domaine Rimbert. Veja quanta informação sobre leveduras, nutrientes, capsulas encapsuladas, etc.
Um terceiro vídeo em que reuni as comidas todas que o Alejandro preparou para nóis e ainda uma visita a Estrelas do Brasil, onde ele é sócio com o Irineu Dall’Agnol. Um show um tanto pantagruélico delicioso. Veja.
Quero agradecer publicamente diversas coisas: Ao Alejandro que com sua generosidade, conhecimento, simpatia, amizade sincera que transborda nas atitudes e palavras e em momentos de emoção que tivemos juntos, transformam esse fim de semana em um dos momentos que levarei sempre no coração.
Ao Piotto que com sua elegância, simpatia, bom humor, linguagem sempre adequada, respeitosa, com sua gentileza e carinho e modéstia, (pois é muito mais conhecedor e traquejado, especialmente nos vinhos brasileiros, do que se coloca ou as pessoas imaginam), que sempre contribui com observações corretas e ligadas a realidade dos consumidores, além de sua amizade.
Ao Eduardo Milan, de modéstia irritante, especialmente para alguém do meu temperamento, pessoa traquejada com anos de experiência degustando mais vinho que a maioria dos críticos envaidecidos (são cerca de 7 mil vinhos/ano só para Guias ADEGA e Descorchados), além dos eventos e convites e além do respeitado Decanter World Wine Awards, do qual é jurado e poucos sabem. Sou testemunha de seu empenho e independência, inclusive imparcialidade com vinhos absolutamente fora de seu gosto pessoal, mas que merecem dele a isenção de pontuação como informação imparcial ao consumidor comum. Um enorme prazer estar degustando e viajando com ele.
Ao Jorgito Donadelli, que não tinha a menor intimidade e que tem uma educação, uma energia maravilhosa, uma sinceridade elegante, uma generosidade enorme e que ainda por cima está namorando a biodinâmica… Foi muito gratificante para mim conviver esses dias com ele que hoje com tão pouco tempo no vinho já ostenta premiações que muitos apenas sonham e que está em busca de muito mais.
E o melhor de tudo foi a paciência desse grupo em ouvir tantas histórias do chatododidú… Sou realmente um grande sortudo. Grazie Amigos!!!