Grande Zé. Amigão.
Sábado fui visitar o Zé pela última vez. Rezei para que ele morresse dormindo e minhas preces foram atendidas. O coitado me viu abanou o rabo e tentou em vão se levantar… não conseguia. Então eu o levantei mas ele nnao conseguia andar e logo as pernas escorregaram e ele se deitou. Fiquei com ele sentado no chão com a cabeça dele na minha perna e fiquei agradando sua cabeça e lidando com essa merda de morte. Cazzo. Como é difícil. Especialmente nesse caso.
O Zé foi um caso raro de um cachorro que escolhe um dono. Apareceu certa vez em casa, quando a Flor e a Frica (ambas já se foram), estavam no cio. Deu um trato nas duas o que me levou a opera-las a tempo. Lamento a decisão pois um filho do Zé com a Flor teria sido algo bem legal…
Daí ele passou a vir vez por outra e sem pedir licneça pulava o portão que tem dois metros, como se fosse um gato. Ficava conôsco dias e depois partia do jeito que chegou. Certa vez errou seu bote e ficou espetado nas lanças do portão. Eu não estava em casa e a Nazirra correu para socorre-lo. Levamos ao veterinário e disse que ele era da rua mas que frequentava minha casa.
O veterinário disse que não, que ele era o Bolt. O Bolt?! Perguntei. E ele disse que sim e me deu o endereço dele. Era na rua da Ferradura 630. Ora, o mesmo nº da minha casa 630. Achei aquilo curioso e acabei ficando amogo do casal dono dele e então passamos a avisar sempre que ele vinha e depois quando saía para eles saberem que estava voltando.
Zé Inigualável
Mais e mais ele ficava comigo, pois passeava bastante, inclusive de carro. Ele adorava andar no carro. Quando eu saia para trabalhar ele corria atrás numa velocidade incrível, queria ganhar do carro. Quando voltava ele estava nas redondezas da portaria e vinha correndo feliz atrás do carro. Muitas vezes quando ia ao centrinho fazer compras o levava e ele esperava direitinho sentado no bando até eu voltar. Na volta soltava-o na portaria e ele vinha feliz correndo. Muitas vezes ficava na frente do carro para comandar o ritmo… Um show de Amigo.
Respeitava e admirava seu espírito vagabundo, livre, namorador esperto. Faturou todas as cadelinhas no cio aqui da Granja… O Zé era o máximo.
Tomava água pra caramba. Me lembro dele andando nas poças d’água pra um lado e pra outro e bebendo água meio que sugando sabe?… Interessante isso, nunca tinha visto. Malandro andava livre e sabia lidar com outros cachorros.
Uma vez, me lembro bem, um cachorro desses coitados que nunca passeiam, viu o Zé que sempre o provocava no portão e o portão se abriu. Nossa. Achei que ia dar briga feia. Pois foi cena de circo. O Zé saiu correndo e o cachorrão atrás dele, havia uma fila de carros estacionados e do nada o Zé sai entre dois carros e dá um perdido no cachorrão que ficou olhando intrigado querendo saber onde tinha ido o Zé… hahahahaha Sensacional.
Didú e seu Amigão o Zé
À noite, Nazira assistindo algum filme, eu no laptop trabalhando e o Zé sentado me olhando. Olhava sem parar. Achava aquilo super engraçado e uma vez perguntei a Nazira; “Ná, o que será que esse cachorro viu em mim não?…” Ela sábia responde: “Ora didú, o mesmo que você viu nele…” hahahahaha isso mesmo. Nos amávamos e nos respeitávamos como grandes e fieis amigos.
Eu pensava no Zé e ele aparecia. Uma coisa inexplicável. Quando viajava e ficava alguns dias fora o Zé não aprecia. Era eu voltar e no dia seguinte lá estava ele. Nos últimos anos ele já não tinha mais o vigor de antes e mal galopava ao lado do carro e nem conseguia mais pular o portão. Chegava, normalmente bem cedinho e ficava latindo no portão para eu abrir…
Depois não veio mais e soube que estava mal. Velhice. Eu então passei a visitá-lo. Sábado foi a última vez. O Zé morreu esta madrugada dormindo.