O vinho do Chile no Brasil
Estive ontem no Unique, no bem organizado evento do Wines of Chile 12º Grand Tasting São Paulo. Bom serviço, boa organização, uma boa exposição com produtores com seus vinhos em degustação e duas Master Class (só pude estar na primeira).
No Brasil se chama de Master Class o que raramente é Master Class. O que acontece zé uma abertura sobre o tema e a intermediação de um mestre de cerimônias comandando a sequência dos diversos enólogos ou representantes dos vinhos apresentados e degustados, muitas vezes comentados. O responsável deste ano foi o simpático e competente Paulo Bramer que exerceu magnificamente a função.
Como aconteceu em anos anteriores os produtores são sempre os principais, maiores e mais presentes no mercado brasileiro. Dessa prova de 11 amostras apenas um vinho era novidade para mim, o Ayllu lá do vale Toconau no deserto de Atacama. Vinho rústico, laranja em ânfora das castas Moscatel de Alexandria 90% e Moscato rosado 10% que procurava importador.
Como aconteceu em anos anteriores, sugeri que se trouxesse produtores pequenos artesanais que secondo me melhor representam a diversidade e a ousadia que se vê no vinho. Acho que isso enalteceria o vinho chileno e sua extraordinária qualidade e diversidade e ainda ajudaria os pequenos produtores.
Como se sabe o Chile tem a preferência do consumidor brasileiro. Depois do vinho nacional de mesa, (aquele que é líder de mercado desde sempre e relegado desde sempre, seja pela imprensa seja pelo setor, de forma equivocada na minha opinião), é o vinho chileno o preferido dos brasileiros.
Para se ter uma idéia, de todo o vinho importado no Brasil legalmente, quase a metade é do Chile. Acontece que o Chile quer aumentar o ticket médio. E quer fazer isso de imediato. E ai esbarramos em pontos que queria ponderar.
Aumentar o ticket médio exige duas coisas muito complicadas; primeiro uma mudança de cultura e hábitos que só se consegue com educação e comunicação no longo prazo. Segundo um aumento de renda da população. O Brasil por incrível que parece é uma grande ilusão na cabeça da maioria dos produtores de vinho no Mundo todo.
Fico impressionado com o desconhecimento do nosso perfil socio-econômico e cultural. Brasil não é São Paulo e São Paulo não é os Jardins.
Assim, me pergunto; funciona um Wines of Chile Grand Tasting? Eu tenho minhas dúvidas, pois vejo nesses anos que 90% do público são as mesmas pessoas, os produtores são todos conhecidos nossos, as novidades quase sempre não existem.
Não seria melhor que o Chile investisse em promoção? algo do tipo Compre uma garrafa de vinho chileno acima de R$ 100,00 e concorra a uma viagem com direito a acompanhante para conhecer a vinícola que produziu se vinho de preferência. O ponto de venda que vendesse a garrafa sorteada também ganharia algo para incentivar o envolvimento do ponto de venda, seja ele supermercados, lojas, e-commerce, restaurante, o que for.
Posso estar enganado, mas acredito que teria melhor eficácia do que fazer o Gand Tasting repetitivo que se tem feito. Fica aqui a sugestão do “chatododidú”.