A ilusão do mercado de vinhos no Brasil (ochatododidú)
Qualquer produtor de vinho que pensa em Brasil, ou visita o Brasil, fica imediatamente seduzido para vender seus vinhos aqui. Isso acontece por algumas distorções de avaliação.
- A mais comum é ver os preços que se paga por uma garrafa de vinho neste país. O produtor não imagina o volume de tributos e ítens burocráticos que existem entre seu vinho e a prateleira. Aliás o próprio consumidor não sabe disso.
- Ele visita sempre grandes centros como São Paulo, Rio, etc., e acha que o Brasil de 212 milhões de pessoas é todo assim. Não é.
- Ele desconhece que não há cultura do vinho aqui, Cultura digo do Vinho como complemento alimentar, como na Europa. Não há. Aqui se bebe cerveja e caipirinha. Basta ver os números desses mercados.
- Ele desconhece que existem cerca de 50 mil rótulos em oferta no mercado e um consumidor absolutamente desinformado que não é capaz de lhe dizer o nome de cinco castas diferentes.
- Ele desconhece que os números de consumo que vê contemplam o vinho de mesa que responde por nada menos que 50% do número total. Mundo da verdadeira cultura do vinho no Brasil. Ou seja, ele tem que pensar em metade dos números que vê. E essa metade, quase toda ela não consome por cultura, mas por status.
Assim, esse produtor chega aqui arranja um importador e acha que vai bombar. Não não e não adianta forçar a barra, pois o buraco é mais em baixo como se dizia antigamente.
O Brasil pode sim imediatamente consumir dez vezes o que consome de vinho. Imediatamente. Bastaria algumas poucas iniciativas que isso aconteceria:
- O governo entender o vinho como Alimento.
- O setor trabalhar unido por 1 Taça por Refeição (rouco já de tanto falar isso).
- Promover, Degustar, Comunicar. Não há outro caminho.
Basta fazer o seguinte raciocínio: 50 milhões de pessoas que declaram ter consumido vinho nos últimos 30 dias, consumindo não 1 Taça por Refeição, que seria o ideal e que é a indicação médica e que está em todos os mais de 2 mil estudos científicos a respeito do consumo do Vinho. Não, não precisaria tanto, bastasse 1 garrafa por semana e teríamos um mercado de 2.600.000.000 de garrafas de vinho/ano.
Mas infelizmente o que mais vejo é produtor que vende 20 mil caixas/ano dizer que é pouco e que um país como o Brasil deveria consumir o dobro. Comissões de países produtores que chegam para divulgar seus vinhos e depois esquecem o mercado. Mercado desunido, seja de importadores, seja de produtores, cada um focado em seu negócio e ponto. Assim vai demorar… Saúde!