Simplesmente… Vinho 2023 8º dia.
No meu 8º dia de Simplesmente Vinho 2023, estava previsto mais uma visita na Bairrada seguida de almoço e depois me despediria do querido amigo Paul White que iria para o Dão encontrar e visitar outro queridíssimo Amigo, o João Tavares de Pina e seus frescos e sinceros vinhos da Quinta da Boa Vista, dos vinhos Rufia e outras maravilhas. Eu seguiria para Lisboa de “comboio”…
O Ataíde Semedo
O Ataide Semedo veio nos buscar no hotel para uma visita na magnífíca e privilegiada parcela de vinhedo dele. Meu Deus… tudo perfeito para ser biodinâmico, todo cercado de mata, um primor de terroir, de inclinação de exposição solar, etc., mas é convencional embora de baixíssima intervenção.
O Ataide Semedo é super tarombado, ingressou no mundo dos vinhos em 1978, foi das Caves do Solar de S. Domingos (laços familiares), depois adquiriu a Quinta da Rigodeira/Quinta da Dôna, nessa data com 7 ha, tendo criado desde o início um conceito diferente e mais irreverente do vinho, sem romper definitivamente com a tradição e castas da região.
Em 2002, Ataíde Semedo vendeu a Quinta da Rigodeira/Quinta da Dôna, na ocasiãcoo com 25 hectares e imediatamente materializou um antigo sonho, num projecto para produção de vinhos de excelência, coma aquisição de uma vinha, que há vários anos cobiçava, pela sua localização e solo.
Em solo argiloso-calcário de profundidade média (0,90-1,1m), assenta sob uma plataforma calcária, ideal para a reserva e disponibilidade hídrica das videiras.
O combate às “infestantes” é efetuado mecânica e manualmente (e não quimicamente) para evitar a sua degradação e eventual absorção pelas videiras de produtos nocivos.
A vinha é composta por 2,7 ha com as castas Baga (55%), Touriga Nacional (35%), Syrah (10%) e 2,3 ha e brancas para produção de espumantes distribuídos pelas castas Cerceal (35%), Bical (35%), Chardonnay (10%) e Pinot Noir (20%).
Os vinhos do Ataide têm classe, são muito bem feitos e pudemos provar alguns exemplares, inclusive com idade. Foi uma delícia de visita e partimos para o almoço no gostoso Clube de Vela na Costa Nova onde nos deliciamos com frutos do mar e aqueles arrozes caldosos que em Portugal se como como em nenhum outro lugar…
De lá o Ataíde foi me deixar na estação de Comboio. Aquelas coisas do idioma português, o João Roseira com seu jeito completamente informal e irreverente, que parece estar fora de controle, mas que tem tudo ordenado e tudo funciona direitinho… me havia dito: “Didú, o Ataide vai te deixar na estação e você vai para o entroncamento, onde se encontrará com o André da Quinta de Montalto…”
Pois bem, para mim, entroncamento seria a junção de alguma linha com outra… mas no caso era uma estação mesmo com nome de Entroncamento. Hahahahahaaaa, na televisão pela manhã já havia visto que os comboios estavam em greve. Tudo estava em greve em Portugal, enfermeiras, professores, comboios… Fiquei apreensivo, mas fui lá. O gentil e educado Ataide comprou a passagem, me deixou lá, e foi levar o Paul White ao seu destino de encontro com o João Tavares de Pina.
Fiquei andando pela estação, acompanhando as informações e meu comboio chegou com 1 hora e pouco de atraso… entrei, coloquei as malas no bagageiro e me sentei, o funcionário que inspeciona os bilhetes logo chegou e me alertou que minha poltrona era dois vagões adiante… como não fazia idéia da distância olhei no mapa as estações e vi que havia “Lameirosa” antes de “Entorncamento” resolvi então ir para o meu vagão e deixar as malas onde estavam… ao chegar em Lameirosa sabia que a próxima era a minha estação e então teria tempo de voltar e descer…
Não foi bem isso que aconteceu, pois eu acabei tirando uma soneca e a estação Lameirosa não foi anunciada!!! Anunciaram direto ENTRONCAMENTO !!! hahahahaha sai correndo atravesei os dois vagões e graças a Deus consegui descer na estação correta… Desço à procura de um André que não fazia a menor idéia de quem era…
Carregando as malas logo vejo um simpático homem grandalhão e minha intuição disse: É esse homem alí… parece que ele achou o mesmo pois nos dirigimos em direção um ao outro e logo perguntei: “Andre?…” e ele: “Não. Sou o José irmão do André…” peço desculpas, meu irmão atrasou-se na quinta com um cliente e me pediu que viesse lhe buscar.
Estes dois irmãos são pessoas especiais, educadas, calmas, atenciosas, prestativas, gentis, um espetáculo.
Os dois irmãos, André e João Filipe, são a quinta geração da família no comando dos negócios. Eles possuem cerca de 50ha, entre vinhas, olivais, pomares e florestas, formando um magnífico mosaico na paisagem.
Eles estão na grande região vitivinícola de Lisboa, os cerca de 26 ha de vinhas implantadas em encostas de solos argilo-calcários com excelente exposição solar, produzem vinhos com DOP Encostas D’Aire (Medieval de Ourém) e IGP Regional Lisboa. Já tiveram de tudo, ovelhas, galinhas, gado e cada uma das atividades apresentou problemas, a uva nunca. então hoje dedicam-se ao vinho.
Quinta de Montalto
Eles estão localizados no centro do país na região de Ourém, perto de Fátima, e com uma longa tradição vitivinícola, a Quinta do Montalto possui uma grande variedade de castas, sendo a Aragonez e a Fernão Pires as mais representativas das uvas tintas e brancas, respetivamente. Existem também Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Baga, Alicante Bouchet, Castelão, Moreto, Cabernet Souvignon, Arinto, Rabo de Ovelha, Olho de Lebre e Alvarinho.
Para além dos vinhos e espumantes, os doces, conservas e vinagres produzidos na Quinta, demonstram carácter e personalidade, fugindo à massificação tecnológica e à padronização do gosto que se vem verificando em todo lugar. Bacana isso.
A obtenção de produtos regionais, verdadeiramente genuínos, e de paladar único, tem pautado o trabalho e dedicação de toda a família e de todos os trabalhadores.
Pioneiros em Portugal, desde 1997, todas as culturas na Quinta do Montalto são conduzidas e tratadas obedecendo às normas de Agricultura Biológica. Sem nunca esquecer a sua herança, os irmãos José Filipe e André Gomes Pereira, tem vindo a revolucionar os destinos da Quinta do Montalto, imprimindo o seu cunho pessoal, tal como as gerações que o antecederam.
Ourém
Pois eu mal cheguei na Quinta, o José me encaminhou ao meu aposento na casa da família e logo fomos ter com o André. É que estávamos já na hora do encontro de degustação vertical dos produtores do Vinho Medieval de Ourém… Eu não conhecia e muito menos fazia idéia de toda a história por traz desse vinho.
Restaurante e Esplanada Castelo de Ourém
Partimos para Ourém que é ao lado deles e um lugar belíssimo e fomos jantar no encantador Restaurante e Esplanada Castelo de Ourém. Veja a foto em que aparece o grupo todo…
Didú com o grupo de produtores do Vinho Medieval de Ourém
No vídeo você ficará sabendo de toda essa história e de como é esse vinho milenar… Aproveite. Saúde!