Dia de cobrar aposta.
O meu Amigo Fabio Miolo, foi o responsável pelo sucesso da Miolo em São Paulo, para quem não sabe, lá no início do trabalho com o Miolo Seleção, foi ele quem carregou o piano sozinho no início por aqui, me lembro que tinha um precursor bar de vinhos feito antes da época e que acabou quebrando e o Fabio nos visitava lá para vender o Seleção. Cara de valor.
Hoje os Miolo fazem cara de fimose quando me vêm pois ficaram chateados com minha veemente postura contra as fatídicas, ridículas e vergonhosas salva-guardas e o silêncio dos produtores que foi armado na ocasião.
Me lembro que fui numa Expovinis para falar e gravar com o Adriano sobre o assunto e ele tinha armado um esquema de dissimular qualquer tentativa de assédio fingindo que faria alguma foto com alguém e eu furei esse cerco e ele saiu fugindo do seu próprio stand me dando as costas e sem responder nada e eu filmei isso e postei no mesmo momento. Eles não gostaram.
Faria tudo de novo pois não mudei de idéia a respeito da miopia do setor vitivinícola brasileiro que está na pré-história e acho que ele foi desrespeitoso comigo e com todos os consumidores. E garanto que embora lamente, de minha parte não há rancor algum e não me importo com a cara de fimose não, até acho graça… de verdade. Pena que não sou cartunista…
Mas o fato é que antes disso, quando o vinho nacional não havia feito as pataquadas que fez, (Selo Fiscal, Salvaguardas, etc.), este que vos escreve já era, como continuo sendo, grande defensor de nosso bom vinho, o que não implica em abrir mão de minha sinceridade e criticar o que acho errado.
Mas este post é sobre uma aposta. Em 17 de outubro de 2007, o Fabio reuniu alguns amigos no Fogo de Chão da Av. Ruben Berta para uma vertical de Lote 43. Foram as safras de 1999 (até hoje imbatível secondo me, mesmo com cultivo em latada e mais de 12 toneladas por hectare ou +…), 2002, 2004 e 2005.
Na ocasião quando se provou diversos outros vinhos e se falou muito do cenário do consumo do vinho brasileiro e tal, o Fabio estava eufórico com o crescimento do suco de uva com as uvas americanas.
Como se sabe, no Brasil o líder de vendas nos vinhos nacionais é o vinho de mesa, produzido com essas uvas… Na ocasião era coisa de 80% de todo vinho brasileiro. Discutíamos que além do hábito cultural desse consumo, havia a questão de preço, pois não se tinha vinhos finos ao preço de vinhos de mesa, como ainda não se tem, diga-se.
O Fabio sentenciou que em quinze anos essa proporção se inverteria. Pois eu duvidei e resolvemos apostar, como você pode ver na foto abaixo.
De testemunha estavam o Pagliari, O Luiz Horta, o Ramatis, o Piotto, o Wagner Sturion, não sei quem mais, que assinaram o termo redigido por mim, num tempo em que anotava tudo no meu “taccuino” Moleskine… Hoje no Brasil de cada 100 garrafas de vinho vendidas 67 são de mesa, 6 são de finos brasileiros e 27 são importados. Pois é… quase nada mudou não é Fabio? Você vai ter que pagar a aposta.
Sugiro que você escolha “o melhor vinho de 2005 da Miolo” deixo à sua escolha. Aliás, lembro também que você disse ter certeza de que o Lote 43 safra 2005 quando tivesse a idade do 99 (8 anos), que degustamos, estaria melhor que o 99.
Devo dizer que provei diversos Lote 43 2005 em 2013 e depois também e ele não chegou nem perto. Sorry novamente a sinceridade. Aliás, na semana passada, com a generosidade do nosso Amigo José Maria Santana e na companhia do Cabral, do Pagliari e do Ramatis, voltamos a abrir um Lote 43 1999 que deixou a todos admirados com sua finesse e seu perfil bordalês de classe. Simplesmente um dos melhores vinhos que o Brasil já viu, ao lado do Millésime 91 e 99 da Aurora, dos Velho do Museu e dos imbatíveis vinhos do Guglielmone como o Nebbiolo de Viamão, que secondo me estão no topo dessa lista.
Se tiver vontade, sincera, de repetirmos o almoço, podemos agendar isso. De minha parte será um prazer discutir o que se passa com a nossa vitivinicultura atual. Vamos? Quando? Onde? Basta avisar. Aliás aproveito para cobrar também outro Amigo, o Paviani que em 2010 quando se criou o Selo Fiscal, ele apostou comigo uma garrafa do “melhor vinho nacional” que em dez anos o contrabando desapareceria… pois é… nem precisa explicar como acabou o contrabando não gente?… Quer se juntar ao Fabio, Paviani?… assim fazermos esse almoço e vocês pagam suas apostas? Fico no aguardo.
Bacio sincero do Didú, lembrando que o passado é morto e o futuro é agora.