E aí? Algum dos candidatos está falando disso?
Eu fico vendo as balelas eleitorais de sempre e me lembro que sempre foi assim. Desde que as cédulas eram de papel e todos tinham santinhos sugerindo seu número, desde eleições indiretas, desde sempre, com todo tipo de governo.
Hoje num grupo de Amigos apareceu este vídeo que já tem um tempo e que me fez pensar nisso… Veja e tente empreender nessa selva brasileira…
Vou contar uma histórias a vocês, agora coroa tenho gostado de contar histórias…
Há muito tempo eu escrevi um livro chamado Nem Leigo, Nem Expert que tinha a pretensão de ajudar quem estava entrando para o Mundo do Vinho e dar uma noção geral. Tive então a idéia de vender junto com o livro um estojinho de aromas básicos de vinhos para facilitar a vida dos leitores. Não havia isso à época, apenas o Le Nez du Vin que o Emmanuel Bassoleil havia trazido para o Brasil (projeto e produto de seu tio…) e que era caríssimo, como ainda hoje.
Procurei minha Amiga Sonia Coraza (que inclusive prefaciou o livro), que é perfumista e cosmetologista, Doutora na Unicamp e tal, para ela me ajudar a montar os aromas, Frutas vermelhas, Manteiga, Madeira, Mel, etc., eram oito aromas, que aliás até hoje estão inteiros na única amostra que me sobrou.
A sonia era fascinada em conversar sobre esse tema, me lembro que nos conhecemos numa palestra para médicos a convite de um laboratório e foi lá no Hotel Casa Grande. ela falou de perfumes e eu comandei uma degustação comentada e ficamos amigos. A sonia comentava sempre que eu falava dos aromas para dentro enquanto ela falava para fora… adorava quando eu dizia que gewürztraminer lembrava creme Nívea… Bem, ela me levou até o craque em perfumaria, Monsieur Jean Morineau que trabalhava com essências.
Várias reuniões depois e amostras de vinhos com destaque para os aromas que eu descrevia e ele preparou as fórmulas. Importante dizer aqui que o Monsieur Jean Morineau não me cobrou um tostão por esse trabalho. Um gentleman apaixonado pelo que faz. Um cara com uma memória olfativa de mais de oito mil aromas!!! E escrevia na hora a fórmula científica daquele cheiro. Impressionante.
A Sonia então me disse. Didú agora é só você levar essas fórmulas para um laboratório e contratar a formulação e envase.
Não é simples, pois há que se desenvolver a caixinha, o modelo, etc., etc., é um projeto de um produto. Tudo pronto e o Laboratório me pede a autorização da Anvisa. Pronto…
Contratei um escritório especializado nisso. Não era barato. E a coisa não andava, pois a Anvisa queria saber se o produto era para ser ingerido ou para passar na pele…
Eu dizia que nem um nem outro, era apenas para cheirar didaticamente… e como nas fórumlas havia tanto fragância (a que se passa na pele mas não se come), como aroma (aquele que se come), eles não podiam autorizar… Acreditem se quiser. Não tinha com quem falar, simples assim, me lembrou a época dos militares, quando não se podia discutir a respeito de decisões de governo…
Marchas e contra-marchas, um belo dia a Sonia chega em casa com uma caixa enorme com tubos de ensaio, pipetas, vidrinhos, etc., etc., O que é isso Sonia? Perguntei. E ela me diz: “Um presente meu pra você. Achei a saída. Você vai fazer você mesmo e vai colocar na caixa “Amostra Grátis”, isso te isenta da Anvisa”…
Vejam bem. Qual é o critério meu Deus do céu?… Como diz no vídeo o Leandro Narloch… Manicômio tributário.
Bem, assim fiz, Nazira e eu produzimos e embalamos nada menos que 24 mil vidrinhos com os aromas, um a um. Nossos dedos amorteceram por uns dois dias de enfiar as tampinhas de cortiça… Foi um sucesso vendeu tudo e eu nunca tive problemas. Esse é o Brasil brasileiro. Burro, Míope, Cruel com quem empreende e quer fazer certo. Uma pena. Tchau que vou girar o cristal para mudar a cor do prisma… Saúde!