Compre Don Melchor. Ele vai valorizar.
Quem me acompanha sabe bem que não valorizo notas em vinhos, não me interessa a nota de nenhum crítico e considero que vinho não é pontuação, mas emoção. Porém é inegável que quando um vinho ganha a nota máxima de algum crítico conhecido, ele ganha mais notoriedade e invariavelmente sobre de preço. Don Melchor safra 2018 ganhou cem pontos de James Suckling, crítico americano.
Em razão disso eles promoveram uma degustação acompanhada de uma live com o seu principal executivo e enólogo que está há anos no comando desse ícone chileno. Eu tive o prazer de estar entre os convidados.
Com um elegante e competente trabalho da minha Amiga Lucia Paes de Barros e seu filho Gabriel, a Don Melchor, hoje uma empresa com gestão separada da Concha y Toro, enviou um espetacular presente aos convidados da live que foi coordenada pelo Nelson Berto Araujo, Brand manager aqui no Brasil tendo ninguém menos que Enrique Tirado falando sobre a safra 2018 de Don Melchor.
A caixa trazia sete latinhas com aromas e sabores de cada um dos 7 climats que foram identificados nos trabalhos de calicatas realizadas com Pedro Parra (trabalho de sua tese na Universidade de Bordeaux), que norteia hoje a seleção dos vinhos.
Puente Alto
Hoje os 127 hectares de Don Melchor em Puente Alto estão divididos em 151 diferentes parcelas e reunidos em 7 grandes grupos com perfis semelhantes. Esses potinhos traziam seus sabores e aromas que eram são as seguintes:
Parcela 1 – Doçura fresca. Elegância, suavidade. Doçura leve, sem açúcar. Fruta vermelha, fruta fresca.
Parcela 2 – Especiarias. Herbáceos, Menta. Mais corpo, mais taninos, mais estrutura. Parcela totalmente voltada a especiarias
Parcela 3 – Potência e firmeza. Intensa. Se move entre a fruta negra e a fruta vermelha. Grande concentração, potência, força, taninos.
Parcela 4 – Integração e delicadeza. Equilíbrio, Integração.
Parcela 5 – Frescor e corpo. Acidez, Corpo, vivacidae, frescor, intensidade, energia.
Parcela 6 – Firmeza, Robustez. É una mescla entre a parcela 1 e a 3. A a união entre dulçor fresco e firmeza.
Parcela 7 – Juventude. Vermelho intenso. Fresco. Corpo. Vibrante. Energia. A expressão da juventude
As 151 parcelas de Don Melchor
É um trabalho surpreendente e de super precisão que resulta posteriormente em um trabalho conjunto na decisão do assemblage de parcelas final.
No início do projeto, a opinião do famoso enólogo francês Emile Peynaud foi inicialmente solicitada, e seu sucessor Jacques Boissenot mais tarde foi ao Chile para ajudar a definir os blocos e montar o lote final. Enrique Tirado está desde então nesse projeto como principal responsável.
Enrique Tirado e Jacques Boissenot
A relação com Boissenot continua até hoje. Tanto que Tirado foi a Bordeaux com 181 garrafas com as amostras (6 de Merlot, 6 Cabernet Franc, 62 Cabernet Sauvignon, 2 Petit Verdot e 105 de vinhos prensa) para definir a composição final, num trabalho que durou 23 dias de degustações!
Eu perguntei ao Enrique Tirado que é uma pessoa que responde a tudo que se pergunta e é muito aplicado, como era cada um desses sub-solos e o que cada um deles aportava como característica ao vinho. Pergunta que já fiz a muitos enólogos e poucas vezes tive uma resposta tão clara. Eu pude gravar sua resposta, que é um pouco longa mas que acredito contribuirá para quem gosta do assunto. Veja:
Puente Alto, que outrora era o campo de polo da família de Eduardo Chadwick, hoje está dividido em tres grandes parcelas é considerado o melhor terroir do Chile para Cabernet Sauvignon, e isso é uma unanimidade entre os enólogos de lá.
Nessas tres grandes parcelas existem os tres grandes ícones do Chile: Don Melchor (foi o primeiro), Viñedo Chadwick e Almaviva, parceria entre Baron Philippe de Rothschild e Concha y Toro.
Acontece que no Brasil, uma garrafa de Don Melchor custa em torno dos R$ 1 mil, uma de Almaviva cerca de R$ 2 mil e uma de Viñedo Chadwick custa R$ 5.500,00. Como explicar isso.
Eu tomei a liberdade de perguntar isso ao Enrique Tirado e gravei sua resposta. Curta…