Contrabando e Impostos. O incentivo do governo.
Temos lido sucessivas notícias sobre apreensão de contrabando de vinhos nas fronteiras do Brasil. A última foi esta AQUI. Sem entrar no mérito de que importadores sérios estarem sendo prejudicados sistematicamente, especialmente os de grandes e famosas marcas, gostaria de fazer um alerta, que já fiz outras vezes, a respeito da razão disso acontecer.
As duas principais razões que nos levam a essa situação, claramente são de responsabilidade do governo: Situação econômica de câmbio elevadíssimo e tributos elevados em demasia. Esse binômio, que não é responsabilidade de quem consome vinho, de quem importa vinho e de quem comercializa vinho, se deve basicamente por esses fatores.
Claro que ninguém está defendendo o contrabando que é crime e deve ser punido e coibido. Porém qual a melhor maneira de fazer isso? A polícia ou a sensatez?…
Há uma história muita interessante que se passou no Reino Unido no século XVI. Veja o gráfico:
As colunas azuis refletem a situação do mercado de chás antes de 1784, com altas taxações, consumo baixo e arrecadação de impostos baixa. Depois de 1784, o governo baixou os impostos drasticamente, justamente por conta de altos volumes de chá contrabandeado que aconteciam, resultado: o volume de consumo cresceu incrivelmente e consequentemente a arrecadação de impostos também…
O tempo tem me ensinado que esperar bom senso por parte do governo é um tanto ingênuo, mas a vida também me formou de modo a não desistir das coisas que tenho absoluta certeza. Esta é uma delas. Impostos altos, câmbio alto = Contrabando alto e consumo baixo.
Sabe-se no meio do vinho que uma determinada vinícola chilena, exporta para o Brasil 400 mil caixas de um vinho popular bem conhecido, e para a7 no momento em que escrevo isto, e o dólar a R$ o Paraguai exporta outras 390 mil caixas!!! Que tal? Precisa desenhar?…
Ora com o câmbio colocando hoje um euro a R$ 6,7 e o dolar a R$ 5,69, basta fazer a conta da sedução do contrabando. Um vinho de U$ 5,00 = a R$ 28,45 acrescido de todos os tributos sobre tributos, transporte, custos administrativos, etc., etc., (são 17 ítens de custo numa importação de vinho), multiplicam esse valor por cinco, ou R$ 142,25. Que tal? A margem seduz?…
É simplesmente lamentável isso e não entendo o governo não atentar para esse fato. Isso sem contar que o vinho é um Alimento Funcional!!! Deveria estar com mínimos impostos e incentivado no seu consumo regular e parcimonioso de 1 taça por refeição, oconsumidor consumiria muito mais, o governo arrecadaria muito mais e ainda economizaria muito em saúde pública… Fica aqui o espanto do “chatododidu”.