MOVI trabalhando. Parabéns!!
Durante muito tempo nosso vinho quis ser chileno, muitos ainda querem, o que é na verdade uma ironia, pois os chilenos durante muito tempo quiseram ser Bordeaux, muitos ainda querem…
Por sorte isso vem mudando, devagar mas vem mudando, tanto para os brasileiros como para os chilenos. Como bem disse outro dia o competente Dirceu Viana: “O Vinho que estamos bebendo hoje é apenas um retrato do nosso gosto atual”… tinha que ser um Master of Wine mesmo não?… Pouca gente se atenta para isso.
E o gosto atual vem mudando, muitos consumidores querem agora autenticidade, querem ainda mais, querem sinceridade e pureza em seus vinhos, não querem produtos químicos e querem ter certeza de que ele representa um terroir.
O MOVI, Movimento de Vinhateiros Independentes do Chile é prova disso. Esse grupo de 33 produtores, quase todos pequenos e de mínimas intervenções, vêm mostrando isso.
Hoje eu fui convidado a participar do primeiro grupo (serão tres), que tratava de vinhos Classicos Reinterpretados. O evento via Youtube, foi comandado pelo Diego Arrebola com a participação de alguns jornalistas do vinho como a Isabelle Moreira Lima, o Jorge Lucki e o melhor texto que o vinho já conheceu, Luiz Horta, entre outros.
Esses participavam com imagem e vários outros apenas acompanhavam a degustação e escreviam suas perguntas. Eu era desse grupo. A Fernanda Fonseca que coordenou a logística dessa confusão, conseguiu me entregar aqui em Juquehy as onze amostras dos vinhos em pequenas garrafinhas e com as descrições do que se tratava. Um show. Sensacional.
No Instagram do MOVI consta a programação começou hoje com Diego Arrebola comandando a primeira degustação intitulada Classicos Reinterpretados. Amanhã 12:30 a Cecilia Aldaz comanda a segunda com o tema: O Novo Chile e na quarta feira a Gabi Frizon encerra com o tema O Antigo Está na Moda. Acho que você pode acompanhar. Informe-se lá no Insta deles.
Eu gravei alguns momentos do evento para você saber como foi, conforme prometi no meu Stories ontem. Curta. Saúde!
Agora, o que sempre me chama a atenção quando falo de MOVI, que conheço desde seu tímido início, é como isso não serviu de lição aos nossos pequenos produtores, esses mesmos que querem, ou queriam ser chilenos em seus vinhos… Os grandes eu nem me refiro, pois isso não é para eles.
Mas os pequenos que 95% de todos os produtores, mas conseguem apenas 10% do mercado do vinho. Sim, você não leu errado não. A conta é essa. 5% dos produtores de vinho no Brasil dominam 90% do mercado!!!
Pois esses pequenos produtores, que também não conseguem se unir e tomar conta das associações de seu Setor que há anos é dominada pela grande indústria, nunca tentou algo como o MOVI.
Hoje o MOVI tem uma cadeira na comissão do Vinho no Ministério da Agricultura do Chile, tratando dos interesses deles. Eles compram produtos como garrafas ou rolhas ou serviços gráficos em cooperação para ganharem no preço. Ou seja, eles entenderam que juntos são mais fortes e que a disputa de mercado por sua marca vem depois disso. Aqui não.
Aqui continuamos egoístas, míopes, fracos. Uma pena. Eu torço para que um dia aprendamos algo com o MOVI, fazer vinho autêntico e lutar pela categoria. Saúde.