O Vinho e o desafio do Ponto de Venda
“Pichet” ou Jarra de Vinho
Um dos grandes obstáculos do vinho, secondo me, é a ganância do ponto de venda. Sei que muitos discordam, mas o fato é que um produto que para apenas ser servido ter seu valor no mínimo dobrado, é muita coisa.
É importante notar que quando um vinho chega a um restaurante ou bar ele já carregou todos os ítens de tributos e ainda margens de intermediários. Dobrar, significa ganhar o que TODOS nessa sequência ganharam. Isso é ruim para o vinho e um grande desafio, para promove-lo.
Os pontos de venda têm seus argumentos e eu respeito, mas acontece que agora com a pandemia e o grande consumo residencial do vinho, será muito complicado um consumidor pagar o dobro do que está acostumado a pagar para beber seu vinho predileto. É para pensar.
As disparidades de margens dos pontos de venda eram muito grandes antes e pelo visto continuarão sendo. Vejo no artigo da Suzana Barelli a respeito dos vinhos brasileiros em barril de chopp que enquanto a Pizzaria Carlos vende o “pichet” de 250 ml a R$ 19,00 o Le Jazz vende o de 500 ml a R$ 56,00. Na base da Carlos seria R$ 38,00 a diferença é grande.
Não ajuda. Penso que independente da embalagem, se barril de chopp, se BiB, se garrafa, produtores, importadores e pontos de venda precisariam achar um ponto comum em prol do vinho.
Vou contar uma história a vocês. Estive certa vez em uma viagem a Portugal na região do Vinho Verde onde entre diversas grandes descobertas conheci um produtor, que agora não me lembro o nome, mas tratava-se de um grupo empresarial que era dono da água Pedra Salgada, e de vinhos verdes também.
Eles tinham uma divisão que vendia vinhos em sifões como os de refrigerante em bares. Tinto Branco e Rosé. Os vinhos podiam ou não ser gaseificados no ponto de venda e eram vendidos em jarras. Sabem a quanto? € 1,00 a jarra!! Eles vendiam 7 milhões de litros/ano.
Na ocasião comentei esse negócio com o Marcelo Toledo que era recém chegado como CEO da Miolo e andava com um projeto desses na cabeça. Ele acabou viajando a diversos países e desenvolveu um outro sistema semelhante, mas infelizmente sua carreira na Miolo foi curta e o projeto abandonado.
Passa um tempo o Marcio Marson assume o Comercial da Miolo em São Paulo, dando grande impulso e retoma esse projeto, encabeçando um esforço comercial da Miolo bastante arrojado.
Havia as servidoras, como as de Iogurte e os vinhos eram fornecidos em um sistema tipo BIB (Bag in Box). O projeto fora pensado para custar menos que um chopp, dando a opção de uma bebida mais saudável e funcional ao Cliente. O preço de venda deveria ser de R$ 2,50 na época, estamos falando de 2010 por aí…
Bem, o projeto não andou. Sabem por que? O ponto de venda vendia a R$ 10,00/R$ 12,00 a taça. Ou seja, excessivo. O projeto morreu.
É preciso um pouco de sensatez dos envolvidos se quiserem realmente criar o hábito de 1 taça por refeição que é TUDO o que o Vinho precisa.
Margem menor e maior volume. E importante oferecer a primeira prova como cortesia. Um case de sucesso diversas vezes repetido mundo afora. É a opinião do chatododidú…