Um espumante que me emocionou.
Encontrei um relato e um vídeo de 2011 que merece ser lembrado, é a respeito de minha visita ao estrelas do Brasil. Curta e não deixe de ver o vídeo ao final.
Irineo (Irineo Dall’Agnol) é da Embrapa e conseguiu a duras penas comprar esse pedaço de paraíso onde começa a construir um sonho eno-turístico. Tem diversas uvas e vende 80% para terceiros.
Com os 20% que mais gosta faz estes experimentos junto com Alejandro, que é um enólogo uruguaio que está mudando a imagem da Piagentini, que para nós sempre foi de vinhos simplérrimos. Experimente dele a linha DECIMA (Piagentini), principalmente um espumante rosé, que é maravilhoso, e depois me conte.
A Estrelas do Brasil é o exemplo do que gostaria que a ABE prestigiasse quando sugeri que separassem apenas uma das 16 amostras da Avaliação Anual para pequenos produtores.
As pessoas precisam conhecer as possibilidades que sempre aparecem nesses produtores e não nas vinícolas, que têm uma espada na cabeça do enólogo chamada “mercado”.
Eu confesso que não esperava ter a emoção que o Irineo me proporcionou na tarde do dia 27 de outubro de 2011, quando ao pôr-do-sol e na agradável companhia dele e de Luciana Zanetti, fiquei emocionado com a diversidade e qualidade de aromas de um espumante 2006 de Chardonnay, Viognier e Riesling Itálico, que segundo Irineo é na verdade “Pignolo” que ficou “sur lies” por 12 meses e depois evoluiu na garrafa.
Ele ficou encorpado, dourado, cremoso e fresco, que misturava pêssegos maduros, nozes, manteiga fresca, mel, amêndoas, flores murchas, cravo, calda de doce de abóbora, casca de maçã seca e lá no fundo do retro-gosto, um incrível e delicado marzipan líquido borbulhante…
Ao fundo uma visão paradisíaca da “Sera”(sotaque gaucho…), que escondia, dos pouco sensíveis, um “Nula in Mondo Pax Sincera”. Essa data ficará para sempre na minha memória.
Me lembro do Álvaro Cesar Galvão me falando da grande qualidade desse espumante que estava na vitrine de uma loja de vinhos do aeroporto em POA anos atrás. Fiquei de experimentar um dia. Esqueci.
Agora, quando soube pelo meu blog que eu estaria na Serra, meu amigo Eugênio me escreveu dizendo para não perder em hipótese alguma a visita ao Irineo. Fez mais, escreveu no meu blog, escreveu no meu e-mail três vezes e escreveu para o Irineo que conseguiu com a gentileza da ABE, encaixar o encontro. Eugênio tinha toda razão.
Eram 16hs., o tempo corria, Irineo me pegou num entroncamento da estrada, já acompanhado de Luciana Zanetti que lhe visitava também e que me deixou feliz em saber que era leitora de meu blog. Eu deveria estar no Hotel às 19hs., para tomar banho e me arrumar para a grande festa da noite.
Chegamos naquele pedaço de céu e fomos recebidos pelo Negro, um simpático cão que logo me reconheceu, quase latimos juntos. Fomos então percorrer à pé os vinhedos. É que mais gosto, quando a companhia me acrescenta. Veja o vídeo, poucos produtores fazem isso hoje e poucos falam o que ele me falou.