Faccin e a saga do vinho artesanal.
Antonio e Bruno Faccin
Antonio e Bruno Faccin, pai e filho, são de família de produtores de uva e de vinho há quase 90 anos. São pequenos e de origem simples.
Os avós de Antonio, sr. Erminio Faccin e dona Joana Volpato Faccin, em 1936, compraram 72 hectares de terra, pagando 29 mil Contos de Reis (moeda da época), 15 contos de reis à vista e o restante em 3 anos, com a venda de trigo, milho, nozes, galinha, porcos, vacas…
Em meio a muito mato, as plantações foram surgindo. Construíram uma residência simples, os filhos nasceram, o cultivo das videiras e a produção de vinhos começou.
Essa história é comum lá no Rio Grande do Sul. A dos Faccin é em Monte Belo do Sul, onde também está a prima deles a Lizete Vicari, que começa a produzir vinhos em Portugal com seu talentoso filho Gugu, onde as coisas parecem ser mais sensatas… só para se ter uma idéia, lá ela paga por uva orgânica certificada a metade do preço de uma uva de cultivo convencional aqui no Brasil… e não há as exigências do MAPA para se produzir vinho, afinal eles sabem das coisas em Portugal…
A família Faccin gerou muitos descendentes e hoje a parte do Antonio e o Bruno representa menos de 4 hectares.
Aqui no Brasil uma produção de vinhos artesanais precisa implantar todas as exigências de uma grande indústria de vinhos como Salton, Aurora, Miolo, etc. É um absurdo.
O primeiro absurdo é por que nas exigências das boas práticas vitivinícolas por exemplo, uma instalação artesanal não sobrevive, é proibido fungos, o ambiente tem ser asséptico. Claro, o que caracteriza a produção industrial é o controle da fermentação. Para tanto mata-se a vida natural das leveduras indígenas junto com eventuais bactérias e acrescenta-se as leveduras selecionadas em um ambiente livre de eventuais contaminações.
Vinhedo livre de produtos químicos
Um vinho de artesão, é o inverso disso. O trabalho é de fermentação espontânea, das leveduras naturais das uvas que quanto mais sadias e livres de químicos melhor. Leia AQUI.
Mas a nossa legislação não contempla essa possibilidade. Então, os Faccin venderam tudo que tinham, que era um apartamento para poderem se enquadrar nas exigências de instalações do MAPA. Um grande e injusto absurdo.
Secondo me, um vinho bastaria ter sua análise comprovando ser são ao consumo e tudo estaria liberado. E o artesão, com produções de até 20 ou 30 mil litros deveria apenas pagar um imposto do Simples de 6% e ter a liberdade de vender para CNPJ. É simples se o governo quisesse.
Mas o fato é que o Antonio e o Bruno Faccin, hoje com com 3,4 ha e estamos produzindo cerca de 9.000 garrafas se regularizaram e para nossa alegria e produzem uvas em vinhedos próprios, visando produção sustentável, com cobertura verde do solo, sem aplicação de herbicidas e mínima intervenção possível.
A vinificação de seus vinhos é Natural, ou seja, a levedura é selvagem, contida na própria uva, zero sulfito adicionado, contém menos de 5 mg/L que a própria uva produz (análises comprovam), não estabilizam o vinho com química, não filtram, não adicionam goma arábica, não adicionam ácido tartárico, não adicionam conservantes, não adicionam açúcar para aumentar o álcool, ou seja, Vinho como a humanidade fez por 9 mil anos…
Apenas UVA e de altíssima qualidade, oriunda de seus vinhedos próprios, com colheita manual pelas 3a e 4a gerações, selecionando cacho por cacho, baga por baga, para poder fazer uma vinificação pura.
A produção é extremamente limitada e buscam fazer vinhos, como Ermínio fazia quando chegou aqui, com apenas UVA e muito AMOR!
Recomendo os vinhos dos Faccin que representam a verdade do lugar, a paisagem engarrafada, sem manipulações, vinhos sinceros. Show.