Uva Gamay. Já ouviu falar?…
Você já ouviu falar dela? Pois é eu fiquei surpreso ao saber que na famosa e prestigiada região da Bourgogne, antes de reinarem as uvas Chardonnay (branca) e a Pinot Noir (tinta), as uvas lá utilizadas eram a branca Aligoté, que ainda existe um pouco hoje na região e a tinta Gamay, hoje inexistente na região.
Uva Gamay
A Gamay hoje é plantada na região do Beaujolais, sul da Bourgogne e para os brasileiros o nome Beaujolais logo remete aos Beaujolais Nouveau, o vinho fresco, novo e alegre que chega ao mercado exatamente na 3ª quinta feira de novembro.
É que antigamente, os produtores do Beaujolais comercializavam muito cedo seus vinhos que desciam de barco pelo rio Saône para abastecer os bistrôs da região de Lyon. Muito vinho ia fermentando durante a viagem…
Em 1951, um decreto proibiu que se comercializasse os vinhos antes de 15 de novembro. Nascia assim a iniciativa de se fazer o Beaujolais Noveau, vinho de maceração carbônica.
A maceração carbônica consiste em fermentar os cachos inteiros da uva, com os engaços inclusive e sem amassar os bagos das uvas, que fechados em uma cuba de aço, fermentam de dentro para fora.
O resultado é um vinho leve, fresco, muito gostoso para pratos leves, sanduiches variados, canapés, roast-beef com salada de babatas, etc.
No Brasil existem alguns vinhos feitos com a Gamay, nem todos pelo método de maceração carbônica (Veja relação abaixo), mas a Miolo acaba de lançar o seu Miolo Wild Gamay Miolo Wild Gamay. Com 11º de álcool! e Abaixo de Paus. R$ 43,61, que além de ser de leveduras indígenas, ou seja as leveduras da própria uva e do local, o que garante o DNA do lugar, como também não teve adição de SO2 o conservante de vinhos.
Obviamente é vinho para ser bebido jovem, pois os vinhos de maceração carbônica não têm estrutura para envelhecimento, mas eu gostei da iniciativa pois foram vinhos assim que na década de 70, pelas mãos de Jules Chauvet, considerado o pai do Vinho Natural, um enólogo e famoso como grande degustador, trabalhou no Beaujolais para a La Chapele-de-Guinchay e foi um grande entusiasta das leveduras naturais e da fermentação carbônica e da não adição de Anidrido Sulfuroso ao vinho, fosse em sua vinificação fosse em seu engarrafamento.
Marcel Lapierre, amigo de Chauvet, convencido dos argumentos de seu Chauvet foi o homem que colocou o Morgon nas melhores cartas de vinho e se tornou um ícone e unanimidade com seu vinho de Gamy, até então uma casta desprestigiada de uma região também desprestigiada, Beaujolais, que com sua maceração semi-carbônica e a qualidade de suas uvas e terroir, deixou o Mundo boquiaberto e mostrou o que era um Vinho Natural. O Philippe Pacalet, também da região e também fazendo vinhos nesse estilo e que ficaram famosos, é sobrinho de Lapierre.
É importante saber também que o Beaujolais é bem mais que os Noveau, pois há os Cru de Beaujolais com vinhos inclusive de guarda. São no total 12 denominações, pois além do Beaujolais e Beaujolais-Villages, dos conhecidos Beaujolais Nouveau e Beaujolais-Villages Nouveau, há outros dez crus escolhidos por seu terroir:
Chiroubles, Fleurie, Saint-Amour, Brouilly, Côte de Brouilly, Juliénas, Régnié, Chénas, Morgon e Moulin-à-Vent.
Inclusive esses nomes citados acima são todos de Crus de Beaujolais…
A região que vai do Mâconnais até Lyon, ocupa 96 comunas ao longo dos Rios Ródano, Saône e Loire, e totaliza 2.800 produtores que cultivam 22 mil hectares de Gamay.
Os Beaujolais são vinhos bem adequados ao clima brasileiro, ele tem frescor, são florais, fáceis de gostar e acompanham com perfeição desde sanduiches, frios, carpaccio, batatas gratinadas, térrines, dobradinhas, escargots, roast-beef com salada de batatas, queijos de cabra, coq-au-vin, etc., vinhos perfeitos para uma taça no almoço.
Além do Miolo Wild Gamay você encontra também o
Dal Pizzol Gamay. 12,5º de álcool, a R$ 59,90 e o Gamay Vinícola Capoani. Serra Gaucha 11,5º. R$ 69,69
Curta a Gamay
Saúde!