O Vinho em 2019
Recebo habitualmente o relatório do Adão Morellatto dando conta do mercado do Vinho importado no Brasil, abaixo a íntegra do que acabei de receber sobre 2019.
MERCADO DE VINHOS IMPORTADOS EM 2019
Caros amigos, habitualmente realizamos há quase 2 décadas, uma análise mais intrínseca sobre o movimento do mercado de vinhos importados no Brasil e neste período, muitas surpresas e mudanças mercadológicas foram percebidas, identificadas e diagnosticadas, sejam por alterações cambias, sanitárias ou tributárias, os 3 itens que mais influenciam este segmento. Devido ao fato de que toda a cadeia de tributos é primariamente paga na Aduana com todos seus custos logísticos, em média podem considerar que agrega-se uns 120% sobre o custo FOB na origem (EUROPA, USA e ÁFRICA), dá para ser ter uma idéia do alto valor desembolsado dos importadores, antes mesmo de checar ao ser armazém. Após o recebimento deve-se aguardar que o Ministério da Agricultura libere o produto para comercialização final através da emissão C.I. (Certificado de Inspeção), caso seja a primeira importação do vinho específico nos últimos 3 anos, sem este laudo, corre-se riscos eminentes de ter o lote apreendido, inapropriado ou multado por venda anterior a autorização. Alguns casos levam até 6 meses para ser emitidos. Há vários relatos de importadores nesta situação. Caso tenha ou venha com divergências de parâmetros analíticos, rotulagem ou quantitativa, é uma procissão de idas e vindas ao órgão para adequação, isto claro, quando não é solicitado a devolução ou destruição por completo. Devido a incertezas de uma nova Legislação do MAPA que entraria em vigor no decorrer do segundo semestre, com análises mais abrangentes e complexas, onerando em muito os custos na origem com laboratórios, criou-se um ambiente de insegurança aos importadores, quanto a adequação. Felizmente o MAPA publicou em Dezembro a I.N. 75/19 que disciplina e regulamenta este segmento com exigências apenas nos parâmetros abaixo, atendendo a um pleito da A.B.B.A. ( Depois de muita luta, muitas idas e vindas à Brasília, muitos pleitos, na última sexta-feira foi realizada uma reunião, para definir quais parâmetros analíticos seriam exigidos dos importadores a partir de 01.01.2019. Para o caso dos vinhos, ficou acordado que os parâmetros analíticos emitidos por laboratórios credenciados da origem serão os mesmos elencados no despacho decisório do Secretário de Defesa Agropecuária, abaixo indicados. Esperamos que todos possam ficar mais tranquilos e possam continuar com suas atividades normalmente no próximo ano. Queremos agradecer a todos que colaboraram nessa dura empreitada, em especial, à Deputada Greyce Elias de Minas Gerais, que foi uma guerreira ao defender o setor, porque acreditou que o nosso pedido era justo e ao Vanderlei Avelar, nosso coordenador técnico, que não mediu esforços para que pudéssemos chegar à esse resultado. Parabéns a todos os associados que nos auxiliaram enviando dados dos laboratórios estrangeiros, para que comprovássemos os altos custos das análises, caso a nova Instrução Normativa 14/08 entrasse em vigor e, também, à nossa equipe interna que deu muito suporte para que enfrentássemos esse momento tão importante para os nossos associados. Enfim, agradecemos, também, aos técnicos do MAPA que, ao final, compreenderam as razões do nosso pedido. Por fim, cremos que o resultado foi bom para todos e esperamos que 2020 possa ser um ano de grandes realizações). Fonte: Raquel de Almeida Salgado – Presidente-Executiva
Associação Brasileira dos Exp. e Imp. de Alimentos e Bebidas – A.B.B.A.
Em 2019 o câmbio não foi um elemento determinante e influente já que teve uma pequena valoração: (Apesar da pressão maior sobre o câmbio, verificada principalmente nos meses de agosto e novembro, a desvalorização do real em 2019 foi menor que a de várias moedas de países emergentes. Levantamento feito com base em 44 divisas negociadas no mercado spot (à vista) de Forex (câmbio internacional) mostra que o real foi apenas a nona moeda que mais perdeu valor ante o dólar americano. No topo da lista está o peso argentino, em meio à crise econômica que assola o país vizinho. O dólar à vista acumulou alta de 4,50% ante o real em 2019 no mercado internacional. No mesmo período, a moeda americana subiu 58,85% em relação ao peso argentino e 16,29% ante o peso uruguaio) Fonte: Estadão.
A boa notícia é que os Estados do Rio Grande do sul, Paraná, Santa Catarina, aboliram em 2019 a S.T., dando um certo fôlego financeiro ao setor, visto que este tributo é pago integralmente ao estado destinatário, no momento efetivo de sua venda. São Paulo, também publicou a exoneração da S.T. sobre vinhos e espumantes a partir de 01/02/2020. Sendo o estado onde mais se comercializa, podemos imaginar que outros estados que ainda aplicam este imposto, possam extinguir ainda este ano. Por fim é esperar que acima de tudo os empresários possam ter condições de operar em escala, sem ter perdas contábeis e financeiras, trazendo mais transparência e eficácia comercial.
Como foi o posicionamento de cada players: Nesta análise, consolidamos sempre as 3 classes mais representativas: Vinho, Espumantes e Champagne: Comparativamente em valor ficamos emparelhados com o ano de 2017, porém com um leve crescimento em volume de 0,14%. Com a taxa Selic estabelecida a 4,5% podendo cair mais alguns decimais, vai ter investidor querendo entrar neste segmento, pois com trabalho, comprometimento, gestão eficaz e disciplina contábil, é um canal de bons negócios ou na pior da hipóteses, consumir o estoque com os amigos…
CHILE: Com um leve crescimento de 0,14% em Valor e de 2,86% em volume, com um pequeno deságio de 2,64% (custo médio de 2,08 USD p/ garrafa) manteve sua dianteira, e olha que havia identificado de que havia sinais de uma queda ponderara, por já ter atingido o sua ápice mercadológico. Mas como neste universo, não há diagnósticos muito precisos, pois há várias nuances que se interagem no período. Contribui com 39,44% de Valor e 44,19% em volume. Números muito próximo referente ao último triênio, com pequenas oscilações. As apostas deste país, com atuação direta junto ao canal de SM por todo o Brasil, alavancam suas marcas, fixam o consumidor e determinam seus rumos comerciais com oferta de Custo X Benefício.
ARGENTINA: Outro exportador que vem se reinventando, mesmo com todas as adversidades que passa, seja no campo político, financeiro ou jurídico. Se levarmos em conta os valores desde 2016, já cresceu 22,97% a uma média de 5,74% ao ano. Apesar de estar bem longe de seu melhor ano (2011), onde exportou quase USD 59 m/usd. Vem recuperando, embora sua participação de 15,44% o posicione na vice-liderança, em quantidade (14,48%) perdeu para Portugal, que já estava no seu calcanhar a um bom tempo. Seu crescimento em 2019 foi de 3,34% em valor e 8,47% em volume, e média de USD 2,48 p/ grf., ou 19,43% superior aos valores dos vizinhos chilenos. Vamos mais adiante verificar se a atual administração, poderá influenciar estes números para cima ou para baixo. Caso venham a aplicar impostos na exportação, como foi alardeado com certeza terá impacto significante neste quesito. A economia argentina está em recessão, com queda estimada de 3,1% em 2019, inflação em torno de 55%, pobreza em torno de 40%, desemprego em 10,4% e desvalorização da moeda em quase 40% – Fonte G1). Vamos torcer para que nossos vizinhos tenham este ano, um período mais equilibrado e possa crescer de maneira mais sustentável.
PORTUGAL: Apresentou uma queda de -3,07% em valor e crescimento de 4,05% em volume, com uma desvalorização de 6,85% com custo médio próximo ao do Chile. Se o acordo comercial Mercosul x União Europeia já estivesse em vigência , teríamos estes índices bem alterados. Pois enquanto a Europa, recolhe uma tributação próxima de 120% para o Mercosul, situa-se próximo de 96%, pela isenção do I.I (Imposto de Importação), 27% para os de fora do Mercosul. Participa com 13,79% de Valor e 14,79% em volume, 2,16% acima dos argentinos.
FRANÇA: Em 2020 os Le Bleus ultrapassaram a Itália no quesito valor, pouco 0,80%, mas relevante, pois seu crescimento foi de 8,30% em valor e 2,96% em volume, e com valoração cambial de 5,18% tendo o ítem Champagne contribuído com 26,09%. Os eCommerce vêm apostando alto neste país, com boas ofertas e diversificado portfolio. Sua performance foi de 10,34% em valor e 5,81% em volume.
ITÁLIA: Apesar de manter esta performance há quase 4 anos, 10,26% em Valor e 10,19% em volume, em 2020, apresentou queda de -6,67% com relação a 2019 em valor e 0,81% em volume. O vinho espumante contribui com 12,46% de share. Seus produtos são 7,97% mais caros que os similares portugueses. Qualidade, capacidade, variedade e condições, não lhes faltam para abocanhar um pedaço a mais deste mercado.
ESPANHA: Este foi o mais representativo que influenciou a queda geral, pois teve -14,32% de queda de valor com 1,63% de crescimento em volume. Teve uma depreciação -15,70% o que repercutiu neste desempenho negativo de valor, embora em volume não perdeu mark up. O produto Cavas representa 20,36% em sua pauta.
DEMAIS PAÍSES: Nenhuma surpresa mercadológica, apenas em sintonia com o segmento. Representam menos de 5% do montante.
Análise de minha única e inteira responsabilidade e competência, estando liberado para divulgação, comunicação e publicação, respeitando seu conteúdo na íntegra.