O caso do Resveratrol nos Vinhos Gaúchos
Professora Doutora Regina Vanderlinde – Presidente a OIV
Sempre que tenho dúvidas a respeito de análises de Vinho ou notícias relacionadas ao tema, recorro a Dra. Regina Vanderlinde, a brasileira que nos orgulha exercendo a Presidência da OIV atualmente. Sua área é justamente essa.
Foi assim queando começaram a difamar o Vinho de Mesa, líder inconteste de vendas no Brasil, que muitos insistem em não considerar Vinho e a difamá-lo. A Regina derrubou todas as teses de que fazia mal, dava cegueira, e outras tantas bobagens de quem fala sem saber. Aliás ao contrário, em anos de experiência em análises de Vinho, o que foi comprovado foi justamente que os benefícios do vinho de Mesa são os mesmos dos Vinhos chamados “Finos”, os de Vitis-Vinífera. Na ocasião escrevi em meu site e também na Prezeres da Mesa, você pode ler AQUI.
Agora, procurei a Regina novamente com o propagado tema de que os Vinhos da Serra Gaúcha teriam mais resveratrol que os de outras procedências. Pois mesmo dentro de sua atribulada agenda, ela arranjou um tempo para me responder. Vale a leitura e a opinião de quem realmente sabe do que está falando. Aproveite.
” O resveratrol pertence a família dos estilbenos, que são fitoalexinas produzidas pelas plantas para sua defesa em resposta a infecções microbianas ou stress, tratamentos químicos e exposição à luz UV.
O resveratrol é o estilbeno mais estudado e conhecido por suas propriedades benéficas à saúde.
No Brasil, por diversos fatores, provavelmente climáticos, mas não estudados especificadamente, a concentração de resveratrol é alta.
Durante os anos de trabalho em laboratório, analisei mais de 500 amostras. Publicamos um trabalho simples na revista da ABE. Vou lhe enviar em anexo.
Realmente em muitos vinhos brasileiros encontramos mais resveratrol, mas isto não quer dizer que a qualidade do vinho é melhor. Teoricamente poderia ser mesmo o contrário, pois significa que as uvas tiveram que se defender mais.
O resveratrol pode ser positivo como antioxidante, mas não é fundamental na qualidade dos vinhos. Na verdade a qualidade e sanidade da uva, assim como a carga fenólica que se reflete na quantidade de taninos, que dão estrutura e longevidade ao vinho, são muito mais importantes.
Em todo o mundo, em climas mais secos, vinhedos com melhor maturação e sanidade da uva, resultam em vinhos melhores.
Os vinhos brasileiros em geral tem menos taninos, são mais leves por isso precisam ser consumidos antes. Porem mesmo das Serra Gaucha, tem vinhedos bem cuidados, que tem baixa concentração de resveratrol mas são de qualidade.
Espero ter te esclarecido um pouco.
Grande abraço,
Regina.”
Abaixo o Trabalho publicado na Revista da ABE
Trans-resveratrol em vinhos sulamericanos