O Brasil precisava de mais Olivardos
Hoje meu filho Demian (o Sensato), me convidou para ir comer um bacalhau lá na Quinta do Olivardo. Estivemos lá em janeiro a convite da assessoria de imprensa da Quinta para fazer a pisa a pé com os netos. Claro que aceitei o convite e na época fiz um post sobre isso.
Nós imaginávamos erradamente que num sábado, perto da hora do jogo do Brasil, não haveria problema. Ledo engano nosso. Chegando lá por volta das 14:30, havia um tumulto enorme, carros em fila dupla, gente manobrando para voltar, todos os estacionamentos lotados, uma multidão.
Olivardo Saqui
Para quem nunca foi a Quinta do Olivardo, vale informar que a coisa funciona meio como um parque de diversões, pois há barraquinhas com comidas típicas, como se fosse uma quermesse, há uma série de atividades para a criançada, com pedalinhos, parquinho, tirolesa, etc., e há duas unidades de restaurante.
Pois eu gosto de gente que faz e lamento a falência do Bamerindus que divulgava constantemente casos como o do excepcional Olivardo Saqui.
Eu não sei o que você fazia há dez ou onze anos atrás, mas o Olivardo estava demitido de seu emprego e sem rumo. Mas ele não foi choramingar e nem colocar a culpa em ninguém. ele vendeu seu automóvel e sua casa, que era tudo o que tinha e foi fazer o que sabia fazer: Vinho.
Naquele link lá de cima tem o vídeo dele contando a história e dizendo por que acha que deu certo. Comprou um terreno e começou a plantar uva e a fazer vinho. Passados dez anos hoje nada menos que 4 mil pessoas foram atendidas lá no Olivardo, no mesmo endereço que ele comprou há dez anos e que era apenas um terreno…
Nós esperamos nada menos que 90 minutos por uma mesa, e não foi chato não, pois tomei um chopp de vinho, comi um bolinho de bacalhau e me diverti assistindo o comportamento do público.
Aliás, não sei se você sabe, mas São Roque dá um banho de visitação de público, pois tem quase o dobro da visitação da Serra gaúcha e 90% do vinho que é bebido e vendido é a preferência nacional, vinho de mesa. Brasil real.
Nisso o Olivardo também acertou em cheio, nada de pose nem de nariz empinado não, é o que as pessoas gostam e querem. ele entende de consumidor e ele trabalha pra caramba.
Ele além dos vinhos de mesa, produz bons vinhos finos e espumantes com vitis vinífera que compra no sul, resgatou inúmeras tradições portuguesas, todas com sucesso, a espetada da Ilha da Madeira, o Pastel de Nata, o vinho dos Mortos, o Pão do Caco, e por aí vai, ele faz Festa Junina, Pisa a Pé, noites de Fado, ele não para.
Às tantas aparece o Olivardo, com sua indumentária tradicional e simpática e me ve na mesa com a família. Veio ao meu encontro, ficou bravo por eu não ter lhe avisado e nem lhe chamado, ficou triste por eu ter esperado tanto tempo, mas eu fiz questão de dizer que eu ao contrário fiquei foi muito feliz.
Ele nos ofereceu um espumante seu e uma das melhores rabanadas que já comi na vida, com sorvete de creme, e disse para eu não ir embora sem lhe dar mais um abraço.
Nossa conversa continuou agradável até esvasiarmos as garrafas da mesa e quando pagamos a conta eu pedi que avisassem o Olivardo que estávamos indo. Era cerca de 19hs., e o rapaz me diz: “Ah., sr. Didú, o sr. Olivardo foi dormir já, por que amanhã o dia vai ser puxado…”
Incrível. Essas pessoas me emocionam. Numa década que muitos economistas dariam como perdida, como catastrófica, que muitos entenderiam os que sucumbiram, etc., o Olivardo ignorou tudo isso e arregaçou as mangas e seguiu sua intuição. Show! Nota 10!! O Brasil se orgulha de pessoas como o Olivardo Saqui. O Brasil precisava de mais Olivardos.