Mais um bom trabalho da wine-xt
Recebi do competente e modesto Rodrigo Lanari, este material, que recomendo a leitura.
Gostaria de enfatizar dois aspectos do relatório que secondo me, são importantes:
Quando se fala em vinho no Brasil, acaba-se colocando na mesma cesta coisas muito diferentes. Basicamente tres públicos absolutamente distintos em comportamento e cultura. O consumidor do vinhos de mesa, que é vinho sim e deve ser considerado com mais atenção e carinho pelo mercado, o consumidor de vinho fino que não conhece vinho e o consumidor de vinho fino que conhece vinho.
Se considerarmos este último público, eu posso apostar que o resultado seria muito diferente em relação aos biodinâmicos e naturais. Mas compreendo o trabalho e sua dimensão, é apenas uma observação. Aliás o próprio trabalho menciona o sucesso da Naturebas.
O outro ponto que gostaria de ressaltar que acredito seja mais importante do que aparenta no relatório é a questão de certificação. O problema é profundo e antes de certificação está na sobrevivência do pequeno produtor, sujeito a uma legislação injusta ao ponto de permitir que ele venda suas uvas a uma empresa (grandes produtores) a preços de quilo e não possa vender o seu vinho a um restaurante ou loja. Esse ponto cruel deveria ser mais explorado no Brasil secondo me. Afinal atender as exigências do MAPA que são as mesmas que da grande indústria é simplesmente proibitivo para um pequeno produtor. Isso sem contar a postura da indústria e do setor de inveja e punição ao sucesso dos pequenos artesãos. Basta lembrar do absurdo caso Zenker.
Porém a junção do comodismo, com individualismo, ignorância e desunião nos dá essa realidade. Uma grande pena, pois existem hoje cerca de 21 produtores brasileiros de vinhos orgânicos, biodinâmicos ou naturais. Basta ir na Enoteca e prova-los.Há espumantes, brancos, tintos, rosés, doces…
Esses produtores deveriam estar sendo amparados e não perseguidos. E eles fazem sucesso, basta citar os casos do Atelier Tormentas, Vinha Unna e Entre Vilas, para ficar em tres apenas. O primeiro é o único produtor a vender seu famoso FVLVIA “en primeur”, o segundo conseguiu com apenas 3 mil garrafas de produção, atingir respeito internacional e fazer biodinâmica nesse cenário que o relatório menciona como obstáculo, o último vende tudo o que produz em seu próprio restaurante em São Bento do Sapucaí. Era isso que queria acrescentar. Saúde!
Parabéns Rodrigo Lanari.