A Espetacular Naturebas 2018
O sucesso da Naturebas 2018 me enche de orgulho. Um salão de Vinhos que se propôs aproximar os Clientes Amigos, dos Produtores, também Amigos. Conseguiu e extrapolou, pois hoje cumpre um papel de conscientizar as pessoas sobre essa relação com o consumo.
Comprar diretamente de quem produz, valorizar o trabalho artesanal, conscientizar sobre o problema gerado pela indústria química, não só no vinho mas nos alimentos também. E isso está acontecendo de maneira consistente e da mais efetiva forma. Informação e Cultura.
Vejam abaixo algumas fotos, a primeira mostra o central do Salão.
Esta segunda o Salão à direita.
Esta terceira à esquerda. este senhor de camisa vermelha e bonézinho do Pagliari é ninguém menos que Jean-Marie Rimbert. Vejam o padrão do Salão.
Em determinado momento me deparo com o Jacques Trefois, o pioneiro em importar vinhos naturais para o Brasil. Receber a visita dele foi uma honra, me emocionou coroou o trabalho de qualidade que a Lis e o Ramatis fazem. Veja o vídeo.
Vejam no vídeo abaixo, um momento em que a Lis tenta passar alguns avisos…
Claro que para mim foi uma festa, o Pinto no Lixo, como se diz e que até escrevi sobre isso. Eu me propus a ir mais cedo e a gravar diversas entrevistas com o apoio logístico e de equipamento do Demian, (o Sensato), meu outro filho, e editaremos um Wine Up especial sobre a Naturebas.
Deu um material sensacional com diversos expositores. Nem vou falar para não aguçar a vossa cabeça, melhor a surpresa… Aguardem…
Houve o reencontro com muitos amigos e também o encontro pessoal com os amigos virtuais… Fico envaidecido e feliz. Espero estar agradando e contribuindo, de verdade.
Voltei antes do término, esgotado e feliz. O salão continuou, lotado e a esta altura estão na Festa que seguiria no Salão de baixo. Um sucesso retumbante que faz pensar mesmo no crescimento desse comportamento de pessoas procurando vinhos sinceros, uns mais previsíveis, outros surpreendentes, mas todos SINCEROS, “Sine Cera”, não estavam maquiados querendo ser perfeitos, escondendo defeitos, ou corrigindo desequilíbrios de forma artificial. Não se tratava de concurso de maquiagem, mas de demonstração de terroir de verdade.
Os vinhos que tiraram os avaliadores de sua zona de conforto. Eles não são previsíveis e não vieram para ser analisados, mas apreciados e estudados. São eles que nos ensinam…
O vinho de Lorenzo Valenzuela do Barrando Oscuro, finalmente importado pela própria Enoteca Saint Vin Saint é uma boa amostra do que digo. O vinho é um 100% Viognier. Ao nariz uma sedutora casca de mexerica do Rio, clara e forte, uma boca cítrica mas untuosa, com densidade, um vinho delicioso e surpreendente, absolutamente fora da roda de aromas, da tipicidade “estabulada” da casta. Foi uma das garrafas mais comentadas pelos visitantes com que conversei… Um detalhe, os Valenzuela cultivam uvas em Granada, num território que NUNCA viu algum aditivo químico, seja no plantio, seja em defensivos, seja em vinificação. O vinho era limpo e sedutor. Tipicidade? Do que? De onde? E aí? Como é que fica isso? Que tal termos um pouco de humildade de aprendermos com o vinho e não julgá-lo?
Bem, a foto da Lis diz tudo sobre o evento…
Este ano houve uma peculiaridade, a Naturebas ofereceu um evento gratuito excepcional. Foi a exibição en avant-première do documentárioFermentação Espontânea da Clara Ismat, que foi seguido de uma Mesa Redonda que teve o apoio da Fecomercio em sua Comissão de Sustentabilidade, onde tive o privilégio de ser o Mediador.
O Renan Cancino foi o único da foto que não participou, infelizmente, mas foi muito interessante notar que entre o Frances, o Espanhol, os dois Portugueses e os dois Brasileiros artesanais, a identificação dos problemas são exatamente os mesmos. Os governos tratam igualmente os desiguais, exigindo de forma injusta as mesmas obrigações da indústria para um pequeno produtor. E então vem a parte triste que precisa ser denunciada e alertada e isso está na reação deles.
Enquanto os europeus se unem e se protegem, os brasileiros não. Os franceses certamente dão um banho nessa questão. E estão à frente de Espanhóis e de Portugueses. Mas o Brasil, ora o Brasil, é de dar pena nossa postura.
O Elian Da Ross nos contou que em sua família, era comum seu pai, parentes e outros se unirem e chamarem os caçadores quando chegava algum fiscal. Então os próprios cidadão seguravam o fiscal na cidade e davam uma prensa no cara… que tal?
Eles hoje têm uma associação informal, sem registro nem nada de 70 vignerons em sua região unidos contra o que consideram abusivo. E se unem e lutam, usando muito a internet, basta lembrar o caso de Emmanuel Giboulot..
Enquanto isso, aqui no Brasil, os produtores gaúchos tocam o hino de seu estado em eventos solenes, onde todos se levantam com a mão no peito orgulhosos e cantam juntos, mas ao saírem denunciam seu colega por inveja.. Vejam a diferença de uma cultura para outra. Que triste isso não gente?
Bem, esse debate serviu para deixar isso claro e teve diversos depoimentos de pequenos produtores que reconheceram que diversos deles estão denunciados mas não punidos, como forma de pressão. Algo vazado maldosamente como forma de pressão.
Acho isso baixo e indigno. Fiquei horrorizado e acredito que isso precisa mudar. Não posso compactuar com atitudes como essa por parte das associações e institutos.
Mas não quero terminar um post desses com tantas alegrias de forma escura e triste, quero terminar cumprimentando a Lis e Ramatis pelo sucesso do Naturebas que colocou 73 produtores, com cerca de 500 vinhos diferentes e todos sem maquiagem alguma, alguns vinhos ícones, que podiam ser comprados diretamente dos produtores e sem intermediação alguma da Naturebas, além de mais de 20 expositores de queijos, pães, ovos, conservas, etc..
Show, Sow, Show!!!