Chile 4º Dia
Saímos de VIK com uma imagem impressionante, a leste o sol nascendo e a oeste a lua se pondo. Parecia aquele filme O feitiço de Áquila… um querendo estar com o outro.
Parimos rumo a El Principal onde fomos recebidos pelo simpático Gonzalo Guzmán o enólogo-chefe. Essa vinícola já foi de Patrick Valette e foi interessante provar vinhos de safras antigas, depois de termos vindo de VIK. Há um traço, um toque de Patrick em seus vinhos, o frescor.
Logo fomos visitar a vinícola que é pequena e bem arrumada e que se acessa o sub-solo por um elevador, uma cena de Missão Impossível, veja:
Depois partimos com o Gonzalo para os vinhedos, onde pude gravar com ele. Veja a descrição do solo e perfil climático de El Principal. Gonzalo mostro também um Syrah especial que está cultivando de fomra diferente também (o terceiro que vi no Chile), para cima, sem cordões.
Conheça uma árvore de Quilhae, que os mapuches usavam as cascas como shampoo, pois ela solta uma espuma… curioso.
Sobre El Principal, devo dizer que meu predileto é o Memórias, que Patrick começou a fazer quando o pai faleceu, como uma homenagem.
Mas me encantei de verdade com alguns experimentos do Gonzalo. Os atuais donos de El Principal, um deles os donos da Coca Cola no Chile, pediram a ele que fizesse um “Blanco”, Gonzalo lhes disse que Chardonnay ou Sauvignon Blanc não funcionariam alí naquele solo. Então os seus patrões sugeriram que ele achasse uma boa casta blanca.
Gonzalo foi para a Espanha e trouxe mudas de videiras de lá e fez esta maravilha de vinho com a Verdejo. Experimente. É o único Verdejo do Chile. Por isso o nome Kiñe que em Mapuche quer dizer Único.
Você ja reparou que sabemos mais de Mapuche que de Tupi-Guarani?… Quantos vinhos chilenos ou argentinos homenageiam os índios, e quantos vinhos brasileiros fazem isso?… Para pensar. E saibam que temos ainda hoje 130 idiomas indígenas vivos no Brasil!
Bem, o Kiñe tem leveduras indígenas de Maipo. Seu sotaque é de Verdejo de Maipo por tanto. Não encontrei no catálogo da Decanter. Uma pena. Mas acontece que Gonzalo não trouxe apenas uma casta branca, trouxe duas e duas tintas e que se deram maravilhosamente bem lá.
Esta foto acima é de um Alvarinho, também o primeiro do Chile e que está maravilhoso. Trata-se de um experimento de vinho natural. Zero de leveduras, Zero de SO2. Uma delícia!
Esta outra é de Graciano, nos mesmos moldes do Alvarinho, completamente Natural! E o de baixo um Mencia. difícl saber qual gostei mais. Claro que bebi as amostras inteiras, vinho bem à minha atual predileção…
Ninguém havia provado esses vinhos ainda. Os donos não sabem que ele existe. Agradeço a deferência de Gonzalo que sabe bem de meu gosto e está antenado nas mudanças de mercado. Sugeri a ele que fizesse uma caixa dos quatro vinhos únicos. Únicos e Naturais. Eu compraria e acho que na Enoteca Saint Vin Saint venderia bem também.
Não é projeto para ganhar dinheiro, mas para mostrar prestígio, mostrar o que se sabe fazer e do que o Chile é capaz. Eu faria. Adorei Gonzalo Amigo. Bacio!!!
Saímos de lá com esta imagem maravilhosa da carmenère de outono. Que maravilha isso…
Quero voltar lá quando estiver pronto os apartamentos que construirão para turismo naquele “bel vedere”.
Fiquei com a imagem daquele lugar na memória…, aquela vista, o gosto dos vinhos de experimento de Gonzalo (veja abaixo) e uma vontade incrível de fumar um bom puro embaixo daquela “árvore de shampoo” centenária.
Voltamos a Santiago que estava com uma poluição absurda e até com sistemas de alarme e proibição de circulação de carros que não tinham catalizadores. Não chovia lá há meses. Estavam todos preocupados.
Teríamos um breve descanso, um bom banho e um jantar com os admiráveis produtores do MOVI.
O MOVI é um movimento que falta no Brasil. Gostaria muito que aqui se desenvolvesse algo semelhante. Ele reune produtores mais alternativos em torno de um caminho promocional conjunto. Têm suas regras e conseguiram se impor. Para se ter uma idéia, hoje o MOVI é considerado uma categoria dentro do Monopólio da Noruega! Algo inimaginável.
Os vinhos de padrão intermediário hoje no Chile, certamente foram motivados pelo sucesso desses produtores independentes, que atuam xatamente nesse segmento, entre R$ 80,00 a R$ 180,00.
Gravei com a Angela Mochi, brasileira que hoje é produtora no Chile, explicando o movimento. Veja:
Não poderia aqui postar todos os 24 vinhos que provei, até por que minha bateria acbou antes e na bateria onde estava o Erasmo de meu amigo Francesco Marone Cinzano, que eu adoro, não pude fotografar… Mas aqui alguns destaques:
Chardonnay sem madeira de altíssima elegância e não está no Brasil.
Ótima experiência sobre vinificação. Vinhos didáticos. Os dois vinhos são do mesmo vinhedo, o da esquerda é colhido mais cedo, vinifica com parte dos engaços, é fresco e delicado, mas com raça. O da direita tem colheita em tres etapas, sendo a última super maturado e passa por barrica. Completamente diferente, um toque de Amarone num Pinot Noir. Os dois de leveduras indígenas. Estão no Brasil, o dad esquerda com Importadora Paraiso e o da direita com Terramater. Uma experiência didática e prazerosa.
Show de Syrah do MOVI. Todos estão no Brasil, Polkura com a Premium, Tanagra com a Decanter e os outros dois com Charbonade.
A maioria dos vinhos MOVI estão na Terramater e na Charbonade. Melhor se informar no site deles.
O Grupo Vigno o grupo de produtores de carignan, também participa do MOVI.