O Brasil é uma zona. No Vinho também, claro.
O Brasil é uma zona total, tudo pode acontecer aqui. Uma vez fui pagar um título no protesto. Sim, isso já aconteceu comigo no passado, diversas vezes aliás e não me envergonho de contar pois é verdade e serviu para formar a pessoa que hoje eu sou.
Desesperado, arrumei a grana e cheguei em cima da hora com o dinheiro contado. Entrei na fila, suando, nervoso, mas aliviado. Ao chegar minha vez ouço do caixa: “Em dinheiro não podemos receber” Como é? “em dinheiro não podemos receber sr., só com cheque visado ou cheque administrativo”
Pois é… acredite se quiser. Um cartório não recebe pagamento na moeda corrente do País… PUUUUÔÔÔUUUUUMMMMM Quem mandou ser protestado né?… acho até que isso deve ser inconstitucional, mas quem na fila do Portesto tem tempo, cabeça e grana para ir discutir isso com seu advogado?
Digo isso apenas para ilustrar que o Brasil é uma zona, há inúmeros outros exemplos, o dos cartórios é apenas um e o leitor certamente tem os seus exemplos também.
Mas hoje vou me referir ao vinho nos supermercados. Sim, por que na zona Brasil os supermercados podem ser importadores e lojitas ao mesmo tempo. Como um importador pode ser lojista ou supermercadista também. É legal. Nos Estados Unidos, quem importa não pode ser lojista e vice-versa, bem, lá também os impostos são ridículos comparados com os da zona Brasil também.
Aliás, vale lembrar que um dos principais problemas que surgiu com o vinho brasileiro foi justamente com os vinhos baratos, simplérrimos, para dizer o mínimo, importados pelos supermercados. Eles é que foram a razão principal de toda essa lambança de protecionismos com Selo Fiscal e Salvaguardas, que na visão míope dos produtores brasileiros escondeu o verdadeiro problema: CUSTO BRASIL.
Claro que os produtores brasileiros preferiram atacar os importados a criar problemas para o governo que sempre lhe socorre com dinheiro barato de empréstimos ou com compras de excedentes, mas fizeram isso de forma generalizada, colocando na mesma cesta todos os vinhos e todos os importadores e não apenas os baratinhos que lhe traziam o problema de fato.
Um grande erro, pois foi o crescimento nos supermercados dos “Santas”, dos “Gatos” e dos “Lambuscos” de menos de € 1,00 que originou a discórdia, hoje FELIZMENTE a caminho de superação aliás. Esperamos não?
É a zona Brasil que faz do próprio Brasil o principal inimigo do brasileiro lamentavelmente.
Mas há também o caso em que o supermercado pode fazer um bom serviço ao consumidor. Afinal o que o consumidor quer é comprar qualidade ao menor preço possível. Ao menos os que me lêm sei que é isso que querem. Quanto menos custos embutidos no meu vinho melhor.
Outro dia a convite de meu amigo Luiz Horta fui acompanhá-lo numa entrevista com o Bernardo José de Ouro Preto Santos, do St. Marché. Veja a Matéria Aqui.
Bem, o Bernardo afirma na entrevista ser o maior vendedor de vinhos do Estado de São Paulo, fora as importadoras, (um engano, pois é de longe o Pão de Açúcar), declarou vender perto de 100 mil garrafas/mês em suas 14 lojas, que não é pouco.
Sem o menor constragimento, Bernardo conta na entrevista que o vinho Botalcura Reserva (ótima compra por sinal) custava no antigo importador R$ 65,00 (e cita o importador) e que com ele o mesmo vinho sai para o consumidor a R$ 32,00! Não é pouca diferença convenhamos.
Pois ontem passei no St. Marché do Morumbi para tomar o melhor Capucino que conheço em São Paulo e vi que o Botalcura Reserva está em oferta a R$ 29,90 (foto abaixo). Aproveite, pois há casos em que a Zona Brasil acaba nos beneficiando ora… Viva o Brasil Brasileiro!!!!