Minha adorável Brettanomyces…
Se você leu meu artigo “Adoro Brettnomyces” e ainda “Apoio totalmente o desabafo de José Peñin” que publiquei aqui em meu site, deve saber dessa minha preferência bem conhecida de meus colegas de degustação.
O assunto nunca acaba, como nuca acaba a discussão eterna sobre leveduras indígenas, cuidados biodinâmicos e que tais que fazem a minha preferência e que insisto, são ridicularizados pelo limitado conhecimento da ciência que não sabe explicá-los, mas os vinhos são sempre superiores.
Mas um dia a ciência vai explicá-los, como vai explicar a paixão também e então todos poderão se apaixonar e curtir os vinhos puros sem problemas de insegurança… mas enquanto isso não acontece, as discussões continuam.
Outro dia degustando os Almaviva, (sugiro ler o texto AQUI.), que graças a Deus logo será totalmente orgânico, a amostra da safra de 2001 tinha um discretíssimo traço de “Bret” como me refiro na intimidade a esse “defeito” para a grande maioria dos degustadores.
Meu amigo Jorge Carrara, um dos mais íntegros e éticos avaliadores que conheço, tem opinião radicalmente oposta em relação a esses meus “caprichos” com “Bret”, com leveduras indígenas, com tratamentos biodinâmicos e que tais. Ele não perdeu a chance de puxar o tema com o enólogo Michel Friou.
Eu não estava à mesa no momento, pois guloso que sou, havia ido pegar um quidim e uma mousse de choclate, mas ao voltar o Carrara comentou comigo o fato e concordou com a opinião do Michel que considerava que um leve traço de “Bret” em vinhos evoluídos poderia ser considerado normal, elegante, esperado até, mas que em vinhos novos certamente seria um defeito. Eu não acho e “secondo me” adoro bret em vinhos. Venha do que se chama de sugeira, ou de fungos do ambiente o do que quer que seja. Adoro. É minha opinião que como disse o Carrara quem é que vai discordar?
Mas agora recebo de meu amigo Marco Daniele uma sua tradução de um texto do livro REFLECTIONS OF A WINE MERCHANT de Neal Rosenthal, que vem bem a calhar para pessoas como o Marco e como eu que temos aquela intimidade rústica com a Brettanomyces. Vale a reflexão.
Interessante que ao procurar a foto que ilustrei lá em cima um Brettanomyces, encontro uma foto de Michel Rolland, fui ver do que se tratava, pois estava arquivada em “brettanomyces” afinal e encontro um trecho de seu livro “Le Gourou du Vin” onde ele diz:
“Eu combato o gosto ruim. Fui o primeiro a lutar contra a brettanomyces (leveduras que vão dar um gosto de estrebaria ao vinho) no Médoc, isto há quarenta anos. Os ingleses achavam que era tipicidade. Era sujeira, barricas velhas, diz.” Ah… Então tá…