O gênio abre uma janela para nós
Eu escrevi ao meu amigo Nicolas Joly perguntando o por que dessa briga boba entre biodinamistas e naturalistas do vinho. ele me respondeu com um artigo que abre uma janela de luz para nós. Há quem veja o que não vemos. Nicolás Joly certamente é uma dessas pessoas.
RECUPERANDO A ARTE PERDIDA DA AGRICULTURA BIODINÂMICA
Vemos por toda parte uma onda de mudança na percepção relativa aos efeitos terrivelmente destrutivos dos produtos químicos que vem sendo usados na agricultura nas ultimas décadas. Mas como poderemos definitivamente sair deste impasse que tem sido tão bem construído com a cumplicidade, talvez inconsciente, de tantas Câmeras e Organizações de Agricultura? Esta é a pergunta que se faz hoje e com pressão cada vez mais urgente: como poderemos sair deste negocio obsceno?
As respostas para esta questão ainda são confusas e geralmente insatisfatórias num nível ético. Existe um esforço de se tentar e encontrar produtos menos danosos, mais equipamentos “ecológicos” ou de reproduzir moléculas de produtos naturais, etc., etc.
Mas as respostas fundamentais não serão aí encontradas; acesso a solução sustentável humana, mesmo que elas possam chocar as áreas cientificas e de ensino deverão ser encontradas numa maneira diferente de pensar. O que isso significa?
Para reforçarmos a manifestação dos que estão vivos, da vida, e assim limitando ou evitando as doenças, precisamos ter um domínio inteiramente diferente do mundo dos vivos do que temos hoje. Não podemos entender totalmente a vida dissectando um organismo vivo ate atingirmos o infinitamente pequeno, além de o estudarmos no nível estritamente fisico.
A matéria, que os cientistas tanto reverenciam, como resultado de um treinamento incompleto que receberam, é nada mais que um resultado ou consequência dos processos que tem diferentes substancias fixas numa forma precisa que resultará em espécies vegetais ou outra coisa.
O que nos deveria interessar para um profundo entendimento da planta são os processos que a criaram, não a planta em si. Se pegarmos o exemplo do chef confeiteiro que faz um bolo, o que nos interessa é o chef, mais que o bolo propriamente dito, mesmo que analisemos por vários ângulos. Isto é o mesmo com a matéria.
Estas forças que nós chamamos vida, e precisa ser absolutamente entendida para atingirmos um progresso verdadeiro, é extinta e finalmente morre como matéria. A morte é somente uma vitória da materialidade sobre o ser vivo. Para entender a vida profundamente, precisamos deixar a matéria para trás e focarmos em entender o sistema que dá vida à Terra.
A Terra, nosso querido planeta não possui vida, ela a recebe por pertencer ao sistema solar e estelar. Sem eles a Terra iria morrer, em outras palavras, se tirássemos a Terra do sistema solar ou a fossemos cobrir com um imenso plástico opaco (o que num certo sentido estamos começando a fazer, especialmente num nível energético, com a saturação da poluição hertziana que estamos impondo na atmosfera, sem termos a menor ideia disso ao utilizarmos os celulares, gps, satélites, etc., etc.), a vida já teria desaparecido por completo.
Agora vamos nos perguntar o seguinte: Como a vida chega a Terra? Ao mesmo tempo muitas outras duvidas complementares: Como faz o sistema solar para se manter constante? Por que os planetas tem órbitas estáveis, cada uma com tempos tão diferentes (84 dias para Mercúrio e quase 30 anos para Saturno)?
Quais coincidencias são manifestadas através destes ritmos? Por que nosso sistema solar move-se a 30 kms por segundo em direção a Sirius? Quais são as forças ativas que mantem estes equilíbrios e qual é o seu significado? Existem dúzias, centenas de questões como estas que deveriam ser questionadas pelos alunos de Agricultura para que eles ficassem cientes nas suas decisões futuras, do impacto dos seus atos.
Inicialmente deve-se entender que por trás destes sutis e magníficos equilíbrios existe em primeiro lugar um equilíbrio de forças que poderíamos simplificar com termos como atração solar e gravidade. Cada um “puxa” na sua própria direção e o todo forma um equilíbrio celestial onde indiretamente, nós vivemos.
As palavras chaves são “equilíbrio de forças”. O que elas são? Como funcionam? Podemos fazer uso delas? ( ver Schauberger e as forças da implosão por exemplo). Estas são as questões chaves que poderiam ajudar a evoluir nossas intervenções agrícolas. A vida chega a Terra através de milhões de freqüências, comprimentos de ondas cósmicas com cada uma carregando informação bastante especifica.
No final, cada planta é um sitema energético para ouvir ou receber que leva o que for necessário para expressar sua especifidade. É um pouco o mesmo sistema – mas não a mesma coisa é claro – como esses giga hertz, que são tão prejudiciais quando estão próximos das freqüências cósmicas, que num quarto de segundo trás a voz de um amigo localizado a 8000 kms distante do seu ouvido.A onda carregou suas vozes praticamente no mesmo instante.
A vida na Terra é o resultado de um incrível sistema de informação onde cada planeta, cada constelação, se expressa a si mesma através de ondas, cada uma carregando informação.
A enorme porta aberta por Rudolf Steiner na medicina, na agricultura, na educação etc foi para explicar a base energética do mundo físico, ou se você preferir, os meandros e resultados destas matrizes de força que permitem a Terra sustentar o que chamamos vida, da qual a natureza, no seu sentido mais amplo, é uma ilustração. Mas também para explicar como podemos coloca-la em pauta e ajudar-nos para esse sistema, que é livre. Para esta vida é livre; é um presente dado para a Terra.
Se começarmos a explicar aos alunos do que é feito esse sistema, como funciona, como podemos medir seus efeitos (cristalização, morfo-cromatografia, etc.), e como coloca-la em pauta também, imediatamente sua humanidade, quero dizer sua qualidade de ser humano, se despertará. Cada pessoa sente como se elas fossem parte de alguma coisa imensa donde nós também viemos e isso dá sentido à nossa vida e a sociedade a qual pertencemos.
E também é isso que poderia nos ajudar a evitar essas grandes depressões – tantos suicídios como morte por acidente de transito – que são tão indicativas da falência de um sistema. Finalmente, com uma aproximação macrocósmica, nós ajudamos a Terra e ela nos devolve cem vezes mais.
Neste nova abordagem nós não impusemos nada mais na planta com um olho cego para o resto, nós somente aumentamos as nossas capacidades receptivas, sua “acústica” se você preferir, para estas forças que lhe dão vida. Nós a trazemos perto da “sua força modelo” ou a matriz energética que a moldou e lhe deu corpo.
Os genes por si só são uma ilusão; eles são tão somente o primeiro elemento visível de um plano energético que o armou. O mundo científico sabe disso pois dizem “não é o próprio gene mas o que está a seu redor que agiliza”.
A genética somente representará progresso quando entendermos o sistema que organiza ou arruma os genes. Se esse passo não for tomado, a genética se tornará uma terrível ferramenta perigosa, pois carrega forças que são intensamente desorganizadoras que disturbam e até atacam o sistema que está encarregado de ordenar a vida na Terra.
E isso só pode resultar em mais problemas e necessidade de “auxiliares arbitrários” que o mundo como um todo precisa pagar mais uma vez.
Progresso real é entender como um macrocosmo, um mundo energético aprisiona a si mesmo, se separa e se isola em matéria; como cada peça do tabuleiro pode ajudar a trazer a tona o elo para uma imagem global, um todo energético, que é por assim dizer, um macrocosmo que se torna um microcosmo.
Nos já temos isso com o mito de Isis e Osíris onde Isis na Terra procura desesperadamente por pedaços de Osíris que Typhon (gravidade) separou em pedaços ( encarnação; separação). Encontrando de novo o elo a tudo através do entendimento das partes é o trabalho que cientistas deveriam incumbir-se. E é isso que as preparações biodinâmicas fazem à sua maneira.
No final, eles agem um pouco como emissores/receptores minúsculos ligados a processos muito precisos que podem resultar depois em traços visivelmente específicos e para vida microbiológica, etc., mas que acima de tudo encoraja harmonia num nível qualitativo. Isto só pode ser medido qualitativamente e não quantitativamente.
O que gostamos num vinho, ou numa pintura de Van Gogh, é algo qualitativo que não é terreno mas celestial e é por esta razão que nos deliciamos com o resto. Arte é uma elevação do mundo material. Na agricultura é a mesma coisa. Querendo estudar qualidade no nível da matéria , através das medidas físicas termina simplesmente na sua negação. E é neste beco sem saída que nós calamos o mundo cientifico.
Os cientistas deveriam servir a vida e não a interesses econômicos Você tem 300 ou 500 gramas de amor a seus filhos? Esta questão parece absurda e ainda assim é a que muitos cientistas tentam se fazer sem ao menos se aperceberem disso.
Qualidade, o mundo qualitativo não pode ter noção com este tipo de medição. A planta levanta a matéria, lhe dá forma e a organiza. São essas forças organizadoras ou formativas que deveriam ser medidas para se alcançar o mundo qualitativo (testes de suscetibilidade da cristalização, por exemplo).
As ações deste mundo qualitativo, digamos mais uma vez, não pode ser medido por meios materiais, mas precisa ser harmonizado com seu lugar porque é com essa beleza secreta, um equilíbrio, que nós queremos nos nutrir e não a confusão que o homem impôs na planta, cujos efeitos nocivos são escondidos pela tecnologia, numa adega, por exemplo.
Nós estamos quase nos primordios destes entendimentos, um pouco como os aviões no século passado, que voavam somente uns poucos metros acima do chão. As coisas irão muito alem e numa direção positiva, somente se essas investidas forem feitas com consciência pelo entendimento, respeitando a vida no que ela tem de mais nobre.
Até os pensamentos do homem ou homens formam forças vivas, e isso também é uma boa mão de plantar, nada mais que uma troca de energias. Estas forças estão todas ao nosso redor mas nós temos que reconhecer e aprender como utiliza-las sem desvios, sem tentar copia-las por razoes de economia ou força, só para se aproximar delas.
Proporções, formas geométricas – arquitetura sagrada por exemplo – incluindo números, são também portadores no seu arranjo de forças especificas. O numero dourado é um numero indivisível então que sempre carrega a unidade em si, um elo à globalidade. Esta é a razão que é utilizada tão frequentemente. Ela fala a nós através das proporções que impõe e nos fomenta também. Os grandes pintores frequentemente fizeram uso dele e agora, o marketing quer tomar conta dele.
De uma certa maneira, a biodinâmica cria um elo com estas mesmas matrizes de força. Pegue o exemplo de uma vinha: os minúsculos brotos que são quase visíveis no mês de março vão se tornar galhos, folhas, flores e então uvas.
Mais de uma tonelada de matéria irá assim aparecer em cada hectare em 6 meses. Nós consideramos que 94% desta matéria, que nós extraímos a água (é então chamada de matéria seca) vem da fotosíntese ou da habilidade da vinha de pegar a energia solar, planetária, estelar e encarna-la.
É aí que devemos agir para corrigir os efeitos nocivos da poluição física e energética, antes ou no momento que a energia torna-se massa. Depois disso o jogo acabou; a matéria está lá e difícil de corrigir se tem alguma falha, uma falha que irá sem duvida submeter agora ou mais tarde como doença, que nós com certeza não iremos entender.
A grande particularidade da biodinâmica é de agir no momento quando a energia se torna massa. Ela age no nível da energia e assim indiretamente no nível físico.
É aqui que ela difere totalmente da agricultura orgânica. Umas poucas gramas por hectare de preparação não poderia ter efeito no nível físico, mas no nível de energia, é uma outra estória.
É aqui onde a biodinâmica extrai sua força, especialmente nos dias de hoje quando energias vitais nunca tiveram tão fracas. Isto é onde sua habilidade de fazer melhores vinhos vem. E é o contrario quando se utiliza destes horríveis herbicidas e sistêmicos que envenenam a vida do solo e da seiva.
Finalmente, a possibilidade de se abster de usar praticamente qualquer técnica enológica na cave vem da aptidão da vinha ou da habilidade de unir estas energias criativas, ou essa informação cósmica.
Uma uva que tenha sido “bem criada” pode ser isenta de qualquer artificio na adega porque ela tem em si toda a informação de se comportar da melhor maneira possível, ou por unificar todas as características do ano com o esteticismo do qual ela é consequencia. Nossas intervenções agrícolas tem afirmado em si o elo com a globalidade, com a harmonia criadora, com o que Kepler chamou de musica das esferas. Aí temos um vinho que é um lugar, uma originalidade, um trabalho de arte e o qual , de fato, será agradavel.
Eu espero que alguns de vocês, os jovens especialmente irão entender estas forças as quais podemos encadear a vinha pelas nossas decisões, nossos gestos e nosso entendimento. É essencial no sentido de nossas sociedades permanecerem qualitativas. Nós estamos aqui no oposto do que está sendo ensinado, sei, mas todos que fizeram esta investida com sinceridade podem confirmar a você que a adega deverá se tornar mais uma vez o que era anteriormente – uma maternidade.
O trabalho da adega somente precisa se tornar intenso para corrigir os graves efeitos secundários dos produtos sintéticos químicos que os fazendeiros foram aconselhados a usar, sem as precauções de suas conseqüências. São este produtos que “estragam” a unidade que uma AOC deveria expressar.
Esta é a razão que não devemos mais fazer um vinho para agradar o sr. X ou sr. Y, que por causa de seu nome poderá vender para consumidores que estão muito seguros e mal informados das mudanças dos últimos 25 anos (quantas pessoas sabem por exemplo que produtores de vinho podem fazer uso de 350 leveduras aromáticas e genéticas juntamente com todo um arsenal de outros produtos também?)
Uma vez que o homem não penetre esta esferas moveis da vida, soluções não serão sustentáveis. Elas continuarão como responsabilidades para o mundo todo e irão nos prevenir de comer e beber as energias harmoniosas que por este fato único permanecerão nutritivas. Mudar a consciência do homem é contingente ao seguir este entendimento.
Esta é a maneira de entender que a agricultura pode virar uma arte de novo, a arte de saber como compreender e informar o uso das forças que dão vida para a Terra. Isto é acima de tudo a porta que se abriu para a biodinâmica. E é por esta razão que tem desenvolvido tão amplamente, especialmente na vinicultura, porque toca uma clientela apaixonada que esta cada vez mais sensível à verdade do paladar. A verdade do gosto – um conceito chave que a imprensa especializada, se faz estranhamente silenciosa a respeito, muda até, e por que razão será ?
Nicolas Joly